Socializar ideias e chegar a acordos diretos com empresas digitais de entrega de alimentos e produtos pode trazer mais vantagens do que ter uma legislação rígida, assegurou em entrevista Saúl Gómez, líder da organização mexicana Ni Un Repartidor Menos.
O líder de entregadores destacou que isso não significa que a atualização das leis não seja compatível com a socialização dos acordos; porém, é preciso que, ao regular e legislar, não utilizem a questão e os entregadores como espólio político.
“No Parlamento Europeu, onde participei, se dizia que socializar ideias traz mais vantagens do que você pode ganhar em um processo ou com uma legislação, porque, numa socialização de ideias, você ganha o que precisa, enquanto num julgamento ou legislação você ganha o que querem te dar. Eles aprovam fazendo lobby. Então, contanto que você possa ganhar mais e melhores situações que ajudem seus companheiros de equipe a melhorar a situação dos mesmos companheiros de equipe, é melhor.
“Com as instituições públicas, quando nos disseram que queriam legislar em tempo recorde, ‘foi uma porcaria para nós’. Não era lógico querer legislar em seis meses o que não pode ser legislado em quatro anos. Isso traz consequências, a legislação a vapor afeta a todos. Por isso dissemos quem não queremos que fique de fora e por que não”, disse Saúl Gómez em entrevista à DPL News após sua participação no fórum sobre Plataformas Digitais e Segurança Social do Futuro (Pladiss).
O líder dos entregadores salientou que a legislação deve levar em consideração que continue existindo a flexibilização que os apps dão, mas com segurança social para os trabalhadores, e sobretudo que estas plataformas continuem a ser inclusivas, pois através delas mães solteiras, idosos ou pessoas com deficiência podem ter renda.
“As plataformas são uma oportunidade para os idosos; já vi um homem de 87 anos que faz entregas a pé. Há casos de pessoas que têm algum tipo de deficiência social ou mental e estão trabalhando nos aplicativos, voltam para casa e dizem ‘trouxe renda‘. Tem gente que anda com prótese, tem surdo e mudo que faz entregas e não podemos pensar que fiquem de fora; deixar de fora apenas um seria aceitar que não nos importamos. É por isso que eles devem ter cuidado com a lei”, acrescentou Saúl Gómez.