Situação do X e da Starlink no Brasil gera preocupações, rebeldia e êxodo virtual
Anatel sofre ataque hacker em retaliação ao bloqueio do X; senador defende que decisões sobre a Starlink devem considerar o impacto econômico e social ao país, enquanto Threads e Bluesky aumentam base de usuários.
O bloqueio do acesso ao X e das contas bancárias da Starlink continuam repercutindo no Brasil. Ontem, 2, Carlos Baigorri, presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), confirmou que desde a ordem de suspensão imediata do X, na sexta-feira, 30 de agosto, a reguladora vem sofrendo ataques às suas redes, impedindo a conectividade dos servidores, conforme apurou o noticiário Convergência Digital.
Justamente nesta segunda-feira, 2, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por maioria de votos, manter a suspensão do X no Brasil. Em seus argumentos, os ministros defenderam respeito às leis e enfatizaram que empresários não podem “acuar” o país.
O julgamento foi entre a primeira turma, isto é, apenas 5 ministros ao invés dos 11 colegiados. Além do relator Alexandre de Moraes, votaram a favor Cristiano Zanin, relator do recurso da Starlink sobre o bloqueio temporário de suas contas; e Flávio Dino, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública (MJSP).
A legislação brasileira estabelece que empresas estrangeiras mantenham representatividade legal no país. Elon Musk não só retirou o escritório do X do Brasil, como se recusou a indicar um representante. Em coação à plataforma, o ministro Alexandre de Moraes bloqueou temporariamente as contas da Starlink.
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Impacto para o Brasil
Em discussão no Senado, o senador Chico Rodrigues (PSB-RR) ressaltou que tal decisão seria válida se as empresas pertencessem ao mesmo grupo, mas elas são independentes e não podem se responsabilizar uma pela a outra, apesar de terem o mesmo dono.
Para o parlamentar, “as decisões que afetam a economia e o desenvolvimento social devem ser tomadas com mais cautela, para que os serviços possam continuar beneficiando a população”.
Baigorri, em entrevista à Globonews, avaliou que outras penalidades a Elon Musk, em caso extremo, seria a Starlink perder seus direitos de prestação de serviço no Brasil. Isso afetaria drasticamente a conectividade na região norte do país, sobretudo o estado do Amazonas que majoritariamente utiliza banda larga da operadora de internet via satélite.
Além disso, a Starlink tem forte presença no agronegócio que faz do Brasil o terceiro maior exportador de produtos agropecuários do mundo. Ao todo, a Starlink detém 49,2% das assinaturas de banda larga no país.
Êxodo virtual
Desde a suspensão do X, a concorrente Bluesky quadruplicou seu número de downloads diários no Brasil. No dia em que os brasileiros se viram barrados no X, no sábado 31 de agosto, o Bluesky que não chegava a mil downloads por dia, saltou para 133 mil instalações, chegando a ser o sexto app mais baixado no país naquele dia, segundo levantamento do Mobile Time.
Viciados em redes sociais, os brasileiros também já são a imensa maioria na plataforma, que só revelou que passou a somar 8 milhões de usuários no mundo. Não só o Bluesky, mas o Threads também teve considerável aumento de usuários após a suspensão do X. Em 31 de agosto chegou a 159 mil downloads e o BlueSky, 156 mil.