Como o Brasil pode estimular a conectividade significativa

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) está incentivando o conceito de conectividade significativa no Brasil. O termo inclui não só a infraestrutura e a parte técnica, mas também o acesso com custo acessível e um ambiente social favorável – por exemplo, escola com conectividade –, que levam ao uso significativo da Internet.

O tema foi discutido nesta terça-feira, 25, em um seminário promovido pela Anatel e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, disse que, à medida que o acesso à Internet é ampliado, a conectividade significativa passa a ser foco principal das políticas públicas do Ministério.

Segundo Sonia Jorge, diretora executiva do Global Digital Inclusion Partnership, o mínimo dos parâmetros técnicos da conectividade significativa é:

  1. Velocidade suficiente (4G)
  2. Dispositivo inteligente (smartphone, apesar de não ser suficiente)
  3. Dados suficientes (conexão em casa, escola ou trabalho)
  4. Uso relevante (diário)

Paloma Rocillo, diretora do Instituto de Referência em Internet e Sociedade, acrescentou que a conectividade significativa também exige a alfabetização digital. Com esse conhecimento, a população será capaz de usar a Internet para suprir suas necessidades. “A gente precisa ir atrás desse elemento faltante para não buscar só a conectividade, e não atingir o significativo”, comentou.

A falta de habilidades digitais entre os brasileiros é uma das barreiras da conectividade no país, afirmou Lucas Gallitto, Head da América Latina na GSMA. Dados da associação mostram que apenas 21% dos brasileiros têm habilidades básicas – sabe usar editor de texto, enviar um e-mail e copiar uma pasta – enquanto nos países líderes em conectividade são 62%.

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Como chegar à conectividade significativa no Brasil?

Para Gallitto, três pontos que podem ser melhorados no Brasil para chegar à conectividade significativa são: a carga tributária deve ser mais previsível e estável; reforço dos incentivos ao investimento no 5G e nas próximas tecnologias e no ecossistema digital; e melhoria do letramento digital.

Ele também defendeu a aplicação do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações para ampliar a conectividade com qualidade.

Sonia Jorge complementou dizendo que as políticas públicas de inclusão digital e a regulação no Brasil devem atingir as desigualdades em todas as suas dimensões, como de gênero – pois as mulheres têm um acesso diferente dos homens devido à diferença salarial – e entre áreas rurais e urbanas.

“As áreas rurais precisam de outro tipo de práticas, tem que ter licenças diferentes para operadores rurais, diferentes financiamentos e subsídios diferentes para as populações que continuam marginalizadas. Portanto, política e regulação que é direcionada a atacar os problemas dessas dimensões de desigualdade é chave.”

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