O acesso à Internet avançou significativamente entre a população rural no Brasil, passando de 51% em 2019 para 71% em 2021. O número de usuários de Internet avançou na mesma proporção, passando de 53% para 73% no período. Os dados são da pesquisa TIC Domicílios 2021, apresentada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) nesta terça-feira, 21.
Também houve um aumento significativo nas classes sociais mais baixas em relação ao acesso à conectividade. Enquanto as classes A e B passaram de 99% para 100% e de 95% para 98%, respectivamente, a classe C cresceu de 80% para 89% e a classe DE foi de 50% para 61%.
“Embora as diferenças persistem e sejam significativas, a diferença vem se reduzindo ao longo do tempo”, destacou Fábio Storino, coordenador da TIC Domicílios, durante apresentação dos resultados. A diferença entre as classes mais alta e mais baixa foi de 83 pontos percentuais em 2015 para 39 pontos percentuais em 2021.
O número de usuários aumentou em todas as regiões brasileiras de 2019 para 2021, principalmente no Norte, que teve uma variação de 9 pontos percentuais, chegando a 83% da população. As regiões Sul e Centro-oeste também estão empatadas com 83% da população como usuária da Internet, seguidos pela região Sudeste, com 81%, e Nordeste, com 78%. Esses dados indicam que o Brasil está avançando no combate à exclusão digital.
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Em relação à frequência do uso da Internet, o estudo avaliou que aproximadamente 138,8 milhões de usuários utilizam a Internet todos os dias ou quase todos os dias e 9,6 milhões em outra frequência. Já os não usuários são 35,5 milhões de pessoas.
“Quando olhamos essa distribuição de uso por classe social, notamos diferenças significativas. Enquanto na classe A e B fazem uso diário da Internet, à medida que vamos para as classes C e DE aumenta a proporção de um uso menos frequente da Internet, porque não tem a mesma disponibilidade [que a classes mais altas], e aumenta a proporção dos não usuários”, comentou Storino.
Tipo de dispositivo
O principal dispositivo utilizado para acessar à Internet foi o celular, que atingiu 99% dos usuários em 2021. Mas o maior destaque desta edição da TIC Domicílios foi a televisão, que ultrapassou o computador e ficou como segundo equipamento mais utilizado para usar a Internet no Brasil, saindo de 49,5 milhões de usuários em 2019 para 74,5 milhões no ano passado.
“Esse crescimento do uso da TV foi maior sobretudo na faixa de 35 a 44 anos (+22 pontos percentuais), na região Norte (+21 pontos percentuais) e entre as mulheres (+18 pontos percentuais)”, acrescentou Storino.
Ele também alertou que o celular limita o uso da Internet, embora tenha muitas ferramentas semelhantes às de um computador. “O acesso à internet pelo celular está associado a um uso que não desenvolve o mesmo tipo de habilidades digitais e letramento digital do que de múltiplos dispositivos e computadores”.
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Atividades realizadas na Internet
A proporção de usuários de Internet com 16 anos ou mais que utilizaram serviço de governo eletrônico passou de 68% em 2019 para 70% em 2021. O principal serviço foi relacionado à saúde, devido às campanhas de vacinação e agendamento online, por exemplo, principalmente entre pessoas com 45 anos ou mais.
Já os serviços de direito do trabalhador ou previdência social foram os segundo mais buscados, sobretudo entre a população na faixa de 25 a 34 anos.
Em relação às atividades culturais, vale destacar que ouvir podcasts foi a que mais cresceu em relação ao período pré-pandemia, passando de 13% para 28% em 2021. Assistir a vídeos, programas, filmes ou séries e ouvir música pela Internet continuam sendo as atividades mais realizadas, atingindo 61% da população em ambos os casos. Em comparação a 2019, houve um crescimento de 5 pontos percentuais cada um.
Por fim, o estudo revelou que a utilização de música e vídeo nas áreas rurais aumentou 12 pontos percentuais nas áreas rurais, acompanhando o maior acesso à Internet.
Para Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br|NIC.br, esta edição da pesquisa confirma a relevância do acesso à Internet no contexto da pandemia de Covid-19, “em especial com o avanço das atividades de trabalho e estudo remotos”.