Valor – Alexys Campos e Beatriz Machado
Há uma enorme sinergia entre o avanço tecnológico e o refinamento nas operações financeiras. Não fosse o atual momento pandêmico, onde somos forçados a desenvolver novas soluções para o trabalho em ambiente remoto, ainda assim o incremento de ambos seguiria como um dos aspectos mais marcantes do futuro que perseguimos. Como ocorre com qualquer tecnologia, a velocidade da sua promoção é par aos potenciais riscos ainda não estudados com sua implementação, servindo casos recentes como um convite à maior cautela.
Em estudo recente de pesquisadores do Centro de Inteligência Artificial da Universidade de São Paulo (C4AI-USP), alguns desses riscos já em curso são destacados na implementação de tecnologias como solução de políticas públicas, sem o devido detalhamento. Dentre os pontos destacados, fica justamente a crítica quanto ao pouco preparo de autoridades públicas para endereçar aplicações de inteligência artificial. Em suma, muitas lacunas no desenvolvimento e uso desse recurso ainda não encontram amparo legal ou permitem uma tutela efetiva do Estado.
Como na provocação inicial, o uso recorrente de inteligência artificial para operações no mercado financeiro também reflete bem essa preocupação. Esses algoritmos, em sobreposição a um volume massivo de informações disponíveis na rede, permitem não somente uma análise de previsão do mercado, como também a efetivação automática de uma série de operações financeiras; buscando maximizar lucros e otimizar o tempo na tomada de decisão.