3 desafios do ConectarAGRO no Brasil e planos para Argentina

O ConectarAGRO já levou conectividade para 12 milhões de hectares pelo Brasil, principalmente com o 4G no 700 MHz da TIM. A meta para o próximo AgriShow – feira internacional de tecnologia agrícola –, em maio, é chegar à marca de 13 milhões de hectares. 

Em conversa com a DPL News, a presidente da associação, Ana Helena de Andrade, falou sobre os principais desafios de conectar o agronegócio e sobre o plano de expansão das atividades para a Argentina.

1. Modelo de negócios

“O modelo de negócios [das operadoras] sempre foi centrado em número de pessoas, em número de celulares que poderiam ser habilitados ou em número de casas. No agronegócio, o que acontece? Não tem uma altíssima densidade populacional. Tem uma população de milhões de pessoas que trabalham no campo, mas elas estão espalhadas num território muito grande”, comentou Andrade.

“Então, o primeiro desafio foi desenvolver um modelo de negócios que fizesse com que fosse possível a operadoras levar a conectividade, mesmo considerando um número menor de pessoas conectadas na mesma região”.

A solução encontrada para os produtores de larga escala foi o pagamento de uma taxa de instalação e, depois, a contratação do número de acessos que o produtor quiser, pago mensalmente.

Vale lembrar que uma torre com as estações cobre, em média, 30 mil hectares, segundo a presidente do ConectarAGRO.

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2. Agricultores de pequena escala

Para os produtores de pequena escala, o modelo de negócios não funciona da mesma forma. “Ao pagar essa taxa de instalação, ele vai cobrir 30 mil hectares e a tecnologia não vai ficar restrita a área dele”, afirmou. “Aí está a dificuldade, porque só um agricultor de pequena escala faz o investimento, os demais não e terão benefício”.

Além disso, regiões com um grande número de pequenos produtores têm o obstáculo da comunicação. “Discutir a conectividade regional acaba sendo desafiante por conta de muitos players e muitos agricultores discutindo como investir para que a maioria tenha o benefício”, explicou.

Para isso, o ConectarAGRO está trabalhando para que as cooperativas liderem a digitalização dos produtores de pequena e média escala.

3. Políticas públicas

A associação ainda ajuda a constituir políticas públicas para levar a conectividade a regiões de produtividade agrícola não consolidada, onde a renda e o índice de desenvolvimento humano são baixos.

O ConectarAGRO “suporta os governos, seja municipal, estadual ou governo federal, com fatos e dados públicos para permitir tomada de decisões. Nós sempre estudamos qual [tecnologia] é tecnicamente aceitável e o impacto que teria na região”, disse Ana.

Outra forma de trabalhar com políticas públicas é educar para a agricultura digital. “Mostramos o impacto e o que está disponível para o agricultor brasileiro em termos de tecnologia e que se torna viável se tiver a telecomunicação”.

Por fim, “a terceira frente de ação em políticas públicas é buscando medidas estruturantes do investimento em redes de telecomunicação. Por exemplo, trabalhamos muito para que o Fust fosse reestruturado e, principalmente, passasse a contemplar áreas de produção agrícola com seus objetivos”, explicou Andrade.

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Expansão para América Latina

Questionada sobre levar a iniciativa para outros países, Andrade respondeu que a partir do segundo semestre a associação começará um trabalho para expandir as atividades para a Argentina, porque algumas empresas associadas ao ConectarAGRO tem filiais no país vizinho.

“Os próprios agricultores, as entidades agrícolas e as empresas que estão lá entendem que seria muito produtivo uma iniciativa igual ao ConectarAGRO na Argentina”, concluiu.