sábado, marzo 25, 2023
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“Zero-rating é ferramenta, não solução final”, diz Renata Santoyo, da Anatel

Em evento virtual, os painelistas debateram a importância e os riscos da prática de zero-rating durante a pandemia de Covid-19.

A pandemia de Covid-19 deu nova relevância para as discussões sobre zero-rating, ou seja, quando é fornecido acesso ilimitado a alguns serviços online sem consumir os dados móveis do cliente. O tema foi debatido durante o painel “Zero-rating no contexto pandêmico: solução para a conectividade da população brasileira?”, no 11º Fórum da Internet no Brasil, nesta quarta-feira, 28.

Para Renata Santoyo, da Assessoria Internacional da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a prática do zero-rating é uma ferramenta e não uma solução final para levar conectividade a todos os brasileiros. Especialmente, para quem vive em áreas remotas e para quem é de baixa renda, que não pode pagar por pacotes de dados de maior capacidade.

“Eu acredito que a gente esteja falando de uma solução paliativa muito útil para o momento em que a gente vive. Já que a realidade é de um Brasil enorme, com florestas, montanhas. Tanto a questão geográfica quanto a questão de baixa renda acabam implicando na dificuldade de cobertura”, afirmou Santoyo.

No estado do Amazonas, por exemplo, a indisponibilidade de infraestrutura faz com que qualquer conteúdo e conectividade liberada tenham impacto positivo, de acordo com Jesaias Arruda, gerente de Infraestrutura das Lojas Bemol e diretor da Abranet (Associação Brasileira de Internet).

Ele conta que a Bemol disponibiliza Internet para os clientes em 35 dos 62 municípios do Amazonas e em outras cidades de Roraima e Rondônia. São regiões onde as estruturas das grandes operadoras não chegam e, com a conexão viabilizada pelo projeto, a população pode comprar mais produtos, atingindo o objetivo da empresa, mas também pode utilizar a Internet para outras atividades, como estudar de maneira remota.

Riscos

Outros painelistas falaram sobre os riscos da prática e defenderam que o acesso à Internet deve ser matéria de políticas públicas. Um dos perigos mencionados por Bruna Zanolli, da Feminist Internet Research Network, foi o de limitar a compreensão das pessoas sobre o que é a Internet.

Por exemplo, “se você só tem acesso ao WhatsApp e ao Facebook, você passa a achar que o WhatsApp e o Facebook são a própria Internet. E as pessoas confiam nessas plataformas como se fossem veículos de mídia, elas citam o WhatsApp como se fosse um canal jornalístico”, explicou. A pesquisa The Internet Health Report, de 2017, da Mozilla, mostrou que 55% da população brasileira não sabia diferenciar Internet e Facebook.

“A possibilidade de que as fake news se propaguem nessas localidades, onde têm menos acesso a outras formas de comunicação ou não têm nenhum acesso, é muito grande”, completou Zanolli.

Além disso, com o zero-rating, as pessoas perdem acesso a outras formas de conhecimento, “é nivelar muito por baixo o que pode ser a troca de conhecimentos na Internet.”

Também participaram do painel Nathalia Sautchuk Patrício, Fellow no Centre for Global Cooperation Research – Universität Duisburg-Essen, Juliana Novaes, Internet of Rights Fellow da Article 19 e Global Engagement Director do Youth Observatory, e Raquel Renno, Digital Program Officer da Article 19.

Mirella Cordeiro
Mirella Cordeiro
Escribe sobre regulación y mercado de telecomunicaciones, regulación tecnológica, derechos digitales y políticas públicas con énfasis en Brasil. Su contenido se publica en portugués y español. Se graduó de la carrera de Periodismo en la Universidad de São Paulo (USP).

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