O macrossetor de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) teve uma produção de R$ 597,8 bilhões em 2021, crescendo 18,3% em comparação com o ano anterior. Os dados são do relatório mais recente da Brasscom (Associação das Empresas de TIC e de Tecnologias Digitais), apresentado nesta quarta-feira, 23, durante o Brasscom Tecfórum 2022.
O macrossetor é composto por três setores: TIC, que produziu R$ 293 bilhões; TI in house – área de TI de empresas que não são de tecnologia –, com R$ 53 bilhões; e setor de telecomunicações, que produziu R$ 251,7 bilhões.
Segundo Helena Loiola, coordenadora de inteligência da Brasscom, além do sucesso da área de tecnologia, o aumento do macrossetor foi influenciado pela desvalorização do câmbio.
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Ela também informou que o número de empregados dentro do macrossetor TIC é da ordem de 1,9 milhão de pessoas, sendo que só em 2021 foram geradas 198 mil novas oportunidades. Em relação à remuneração, os serviços de alto valor e software tiveram uma média de 3,5x a média salarial nacional.
“Teve uma queda na média salarial nacional, mas um aumento muito expoente na remuneração desses setores. A gente vê que tecnologia está contratando mão de obra e tem uma remuneração elevada”, disse Loiola.
Por fim, ela comentou sobre as perspectivas para os anos de 2022 e 2025. Para o macrossetor, os investimentos previstos são de R$ 510,5 bilhões, sendo puxados por nuvem, big data & analytics, Internet das Coisas, Inteligência Artificial e segurança da informação. “E para chegar a esses valores, é importante investir em mobilidade e conectividade”, comentou, acrescentando que a previsão para essa área é de R$ 616,9 bilhões até 2025.
Outras tendências para 2022
No mesmo painel, o presidente da Frost & Sullivan no Brasil e América Latina, Renato Pasquini, apresentou 10 pontos de transformação que as empresas de tecnologia devem prestar atenção neste ano.
A primeira é o metaverso, um ambiente em construção que servirá para a interação entre as pessoas, para que tenham uma vida e convivência totalmente digital. Outro ponto importante é a instabilidade geopolítica, como a guerra na Ucrânia e tensões internacionais relacionadas ao comércio, levando à descentralização da produção de semicondutores, associado a preocupação com energias renováveis.
O terceiro destaque diz respeito a garantir a continuidade do negócio. Segundo as análises da Frost & Sullivan, os incidentes cibernéticos contra empresas e governos cresceram 750% no ano. “Um dia de paralisação das operações pode ser um prejuízo de dezenas de milhões de dólares”, comentou.
Em relação à regulação, Pasquini pediu cuidado com as regulações na área de tecnologia, “é recomendável que tenha um ambiente regulatório estável, para que as empresas continuem fazendo investimentos e continuem inovando no setor”.
A guerra por talentos vai aumentar neste ano, com a globalização dos serviços. O executivo explicou que os profissionais estão recrutados de qualquer lugar do mundo e podem ser remunerados em outras moedas, como dólar ou moedas virtuais.
A sexta tendência é a busca por propósito. Com a pandemia, parte dos talentos não quer voltar para os trabalhos presenciais ou pede demissão para começar seus negócios. “As empresas tão preocupadas com isso, estão reformulando sua visão de negócio para reter talentos e atrair pessoas que se envolvam com esse propósito”, comentou.
Outro ponto é a ascensão da organização autônoma descentralizada, pois tecnologias como 5G e edge computing permitem que as empresas se descentralizem e tenham uma operação mais resiliente para atender melhor os clientes.
A recuperação do comércio e a economia circular também estão ganhando cada vez mais espaço. O comércio está mudando para um ambiente mais sustentável, inclusive pressionado por bancos, que só estão emprestando dinheiro para projetos que sigam elementos de sustentabilidade.
As economias sem dinheiro, que utilizam moedas digitais, e a aceleração do êxodo urbano são os últimos dois destaques. As novas formas de colaboração permitem que as pessoas se mudem para áreas mais suburbanas e visitem os escritórios menos vezes por semana, o que muda o fluxo das cidades.
A perspectiva dos painelistas para o futuro do Brasil é bastante otimista. “Eu não tenho dúvida que nós somos um país tecnológico e que temos um futuro brilhante pela frente”, conclui Cleber Morais, Country Director da Amazon Web Services. Ele acredita que a tecnologia tem o potencial de transformar o Brasil através do empoderamento da população e da educação.