Satélites, operadoras e fornecedora disputam faixa de 28 GHz

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A Viasat está preocupada com a possibilidade de a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) destinar a faixa de 28 GHz para o 5G. Isso porque a empresa é uma das que oferecem serviço via satélite utilizando a subfaixa de 27,5 GHz a 27,9 GHz e, segundo a Viasat, existe uma incompatibilidade entre os sistemas 5G terrestre e o uso existente do satélite.

A proposta da Anatel é que, além do Serviço Fixo por Satélite (FSS), a frequência seja destinada para Serviço Limitado Privado (SLP), do Serviço de Comunicação Multimídia (SCM), do Serviço Móvel Pessoal (SMP) e do Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC).

Em resposta à Consulta Pública nº 11, que terminou nesta segunda-feira, 23, a Viasat afirmou que, para atender ao critério de proteção declarado para o 5G, “as estações base deste serviço teriam que estar localizadas a dezenas de quilômetros de distância das típicas estações terrenas na faixa de 28 GHz (i.e., terminais de usuários). Isso significa que as áreas de serviço das redes terrestres IMT / 5G não podem existir onde o serviço de banda larga via satélite é ou pode ser fornecido”.

O pedido da Viasat é que a Anatel mantenha a exclusividade do Serviço Fixo por Satélite (FSS) na faixa de 28 GHz. Mas, caso os serviços terrestres sejam aprovados, que a Agência considere requisitos técnicos para garantir proteção às operações do FSS na faixa. Um exemplo seria manter o 5G em ambientes fechados – proposta apoiada pelo Sindicato Nacional das Empresas de Telecomunicações por Satélite (Sindisat).

GSMA

Se, por um lado, as empresas de satélites temem perder a exclusividade da faixa, as operadoras de telecomunicações estão ansiosas por mais espectro.

A associação internacional de operadoras móveis (GSMA) também contribuiu para a consulta, ressaltando que as ondas milimétricas – como o 28 GHz – “serão habilitadoras de novos negócios em que se precisa de baixíssima latência e cobertura limitada, como o Fixed Wireless Service de ultra velocidade, a automação industrial e a manipulação remota de objetos”.

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A posição da GSMA é que a disponibilização da frequência pode beneficiar toda a sociedade a curto e a longo prazos e que se deve destinar o espectro identificado para o 5G, como o 26 GHz e 40 GHz, “e adicionalmente disponibilizar a faixa de 28 GHz sempre que possível”.

A associação ainda contestou que o espectro seja destinado para outros serviços, como para as redes privativas. “Enquanto as operadoras são capazes de gerar uma gama de serviços numa mesma radiofrequência, as indústrias são capazes tão e somente de usar para seus serviços específicos, sem preocupações de expansão da conectividade ou da multiplicidade do uso de uma porção espectral”, comentou em sua contribuição.

Qualcomm

Já a Qualcomm elogiou a sugestão da Anatel de alocar o espectro para as redes privativas com 5G nos serviços SLP e SCM. A companhia diz que a medida vai proporcionar um arcabouço regulatório robusto para ecossistemas de novos serviços 5G, “incluindo a banda larga aprimorada, redes fixas sem fio (FWA) e demandas de Rede Privativas.”

Sabendo dos benefícios de todos os serviços, o papel da Anatel é balancear os interesses desses atores e garantir que os usuários não sejam prejudicados por interferências.

Agora, o papel da Anatel é balancear os interesses desses atores. Em entrevista recente à DPL News, o presidente da Agência, Carlos Baigorri, afirmou que alocar mais espectro permite que as operadoras reduzam o custo de prestação de serviço, “o que, no ambiente competitivo, vai ser refletido em preços melhores para o consumidor.”