sábado, abril 1, 2023
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Leilão do 5G: Faixas de 700 MHz e 3,5 GHz deverão ter maiores disputas

A maior parte das fontes consultadas acredita que haverá sobras na faixa de 26 GHz. A licitação acontece nesta quinta-feira, 4.

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A licitação de radiofrequências para a rede 5G acontece nesta quinta-feira, 4, após mais de dois anos de planejamento e debates com os setores interessados. Três das quatro fontes consultadas pela DPL News dizem que deve haver lotes vazios, principalmente na faixa de 26 GHz. Ainda assim, os atores estão otimistas pelas bandas de 700 MHz e 3,5 GHz e veem o viés não arrecadatório como responsável pela participação de novas empresas na licitação.

Para Eduardo Tude, presidente do Teleco, certamente haverá lotes vazios porque a quantidade de espectro leiloada é muito grande. Mas o ponto positivo do processo foi o alto número de empresas credenciadas, foram 15 no total, sendo que dez delas são entrantes no serviço móvel.

O Conselheiro da Abrint, Basílio Perez, comemorou o interesse dos provedores de Internet: “Vai ser muito bom para o mercado se esses provedores conseguirem comprar alguns lotes ou conseguirem participar ativamente da implantação do 5G, porque o serviço móvel no Brasil é muito monopolizado. E é muito ruim para o consumidor ficar na mão só de três empresas.”

Por outro lado, ele acha pouco provável que haja sobras devido a quantidade de empresas interessadas em participar do leilão.

700 MHz e 3,5 GHz

“A mais concorrida deve ser a banda de 700 MHz”, acredita Tude. “Na banda de 3,5 GHz, há quatro lotes nacionais que vão ser comprados por Vivo, Claro, TIM, e pode ser que a Highline [NK 108] compre também.” 

Quanto aos lotes regionais, ele entende que “boa parte” deve ser comprado.

Outra fonte do mercado ouvida por esta reportagem concorda que quase todos os blocos devem ser vendidos, pois há proponentes de várias regiões do país. “Do sul, tem a Sercomtel, tem a Brisanet do Nordeste e tem umas empresas que apareceram do interior de São Paulo”, comentou.

2,3 GHz

Já a banda de 2,3 GHz deve ter a demanda mais baixa porque ainda não há muitos equipamentos e smartphones adequados para essa faixa. “É uma banda que está começando a ser usada agora em alguns lugares. Então, no futuro, ela vai ficar uma banda boa”, disse Tude.

O outro analista afirmou que a tendência é que as grandes operadoras venham a comprar os lotes desta faixa, respeitando os limites de espectro, pois “é uma banda de capacidade para quem já tem uma rede instalada”.

E, se a expectativa com os prestadores de pequeno porte partindo para as bandas de 700 MHz e de 3,5 GHz se concretizar, os compromissos da faixa de 2,3 GHz podem ser muito pesados.

26 GHz

Quanto à banda de 26 GHz, é consenso que devem sobrar lotes, pois há muito espectro disponível e ainda existem dúvidas sobre os modelos de negócios nesta faixa

Pelo lado dos pequenos prestadores, que devem começar a habilitar o sinal 5G nas cidades pequenas, talvez não tenha sentido investir dinheiro nesse momento para essa banda, informou a fonte. “Para as grandes operadoras, faz sentido pelos centros urbanos, mas precisa analisar todos os possíveis casos de negócios.”

O presidente da TelComp, Luiz Henrique Barbosa, afirma que as obrigações de conectar as escolas na faixa de 26 GHz ficaram pesadas. “A iniciativa é boa, é louvável, mas talvez tenha que se conectar as escolas de outra forma, não criando obrigação para uma faixa que ainda não têm business plans muito claros. Isso afastou o investidor”, comentou.

“Se houver sobras, entendo que vão ser leiloadas no futuro.” E acrescentou que uma característica do leilão é de não acabar agora. “Daqui para frente a gente vai ver sobras, o mercado secundário que está surgindo, operadores com redes abertas. Então o leilão é um primeiro movimento.” 

Preço

O valor econômico do leilão é de quase R$ 50 bilhões, sendo que o total investido nos compromissos é de R$ 47 bilhões, e apenas R$ 3 bilhões irão para os cofres públicos. Esse cálculo da Agência Nacional de Telecomunicações considera a concessão de toda a oferta, ou seja, sem lotes vazios. Caso algum lote não receba proposta, a arrecadação e os investimentos serão menores.

Os atores consultados concordam que o leilão com um viés não arrecadatório contribuiu para a participação de novos players na licitação.

Mirella Cordeiro
Mirella Cordeiro
Escreve sobre regulação e mercado de telecomunicações, regulação tecnológica, direitos digitais e políticas públicas com ênfase no Brasil. É formada em Jornalismo pela Universidade de São Paulo (USP).

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