Leilão do 5G: Entrantes optam pelo B2B, e consumidores finais ficam em segundo plano

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O leilão das radiofrequências para o 5G no Brasil abriu as portas para cinco novas empresas que garantiram espectro. Até então, apenas Claro, TIM, Vivo, Algar e Sercomtel tinham frequência para fornecer redes móveis aos seus clientes. 

Outra novidade da licitação são os modelos de negócios dessas organizações, que em vez de oferecer 4G e 5G aos consumidores finais, vão fornecer rede apenas a MVNOs (operadores móveis virtuais) ou indústrias, por exemplo. Das cinco entrantes, apenas a Brisanet deverá fornecer serviço ao consumidor final.

Isso mostra que o resultado do leilão não cumpriu totalmente o objetivo da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) de estimular a competição, mas, ainda assim, a operação de algumas prestadoras como rede neutra pode ajudar na concorrência.

Cloud2U

Em conversa com a DPL News, Anderson Ferreira, gerente de Negócios da Cloud2U, do grupo Greatek, explicou que a empresa vai “fornecer rede para que os provedores regionais tenham acesso ao 5G e eles proverem o acesso à telefonia móvel para os assinantes da base deles.”

A nova organização conseguiu um bloco de 80 MHz na faixa de 3,5 GHz para atender os estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais, região próxima à sua sede, na cidade de São José dos Campos, em São Paulo.

A marca Greatek atua junto aos provedores regionais por meio da distribuição e fabricação de produtos eletrônicos há 25 anos. Segundo Ferreira, esse é o motivo pelo qual a empresa conhece as necessidades e debilidades dos ISPs. 

“Com base nessa inteligência de mercado, a gente decidiu entrar no leilão do 5G para trazer a tecnologia para os provedores regionais que não puderam participar do certame”, explicou. “A gente acredita que isso é um apelo muito forte para o país, para gerar competitividade, para gerar uma diversidade de acesso à tecnologia.” Ele também esclareceu que o grupo não tem relação com fundos de investimentos.

Winity II

A Winity II, que arrematou 20 MHz na faixa de 700 MHz por impressionante R$ 1,4 bilhão, está associada ao fundo de investimentos Pátria. O fundo possui aplicações em áreas como logística, energia e data centers no Brasil e em outros países da América Latina.

O plano da prestadora é atuar no atacado, fornecendo toda a infraestrutura para as operadoras de telecomunicações. “Criamos a Winity com o propósito de prover infraestrutura de telecomunicações de alta qualidade para nossos clientes corporativos”, disse o CEO, Sergio Bekeierman, em comunicado.

Neko

Yon Moreira, presidente da Neko, revelou a esta reportagem que o objetivo da empresa é melhorar a vida das pessoas e, para isso, vão construir uma camada 5G sobre o estado de São Paulo. Em resumo, a Neko quer atuar com indústria, agricultura, governo, educação, saúde, entre outras verticais, “e dar condições para que os trabalhos indignos acabem.”

Além de presidente da Neko, Moreira também é presidente da Surf Telecom, que oferece conectividade a consumidores finais, por meio da rede de outras operadoras, e soluções para outras corporações.

Em uma jogada ousada, a Neko adquiriu 200 MHz na faixa de 26 GHz, que atualmente é a banda menos explorada. “A gente joga pensando no futuro, e a nossa cultura, dos sócios, é criar ecossistema para pequenas e médias empresas, para quebrar barreiras, para que elas possam ter um ambiente de desenvolvimento que hoje não se encontra nas grandes operadoras”, explicou Moreira.

Ele também esclareceu que a companhia não tem associação com investidores externos. Todos os recursos são aportes dos sócios.

Copel, Sercomtel e Unifique

O leilão também deu oportunidade para a participação de consórcios, como a união da Copel Telecom e da Unifique. Elas criaram o Consórcio 5G Sul e levaram 80 MHz na faixa de 3,5 GHz.

O presidente da Copel, Wendell Oliveira, afirmou que as empresas dividiram o serviço por região: a Copel ficou com o estado do Paraná, um dos focos principais, e a Unifique se responsabilizou pelos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Também é importante ressaltar que a Sercomtel pertence ao mesmo fundo de investimentos que a Copel, o Bordeaux. Por sua vez, a Sercomtel adquiriu outros 80 MHz para atender a região Norte e o estado de São Paulo.

De acordo com Oliveira, as companhias vão atender indústrias, logísticas, portos, aeroportos, entre outras verticais. “A gente vai fazer com que o 5G seja transformacional para as empresas, fazendo com que elas sejam mais competitivas, mais ágeis, mais econômicas e ganhem mais dinheiro”, comentou.

No Paraná, o foco estará na agricultura e, em São Paulo, na indústria. “Eu costumo falar que o Paraná é a região no mundo onde mais se produz alimento por metro quadrado, tem uma vocação tremenda para o agrobusiness, e nós temos um potencial de melhorar ainda mais”, disse Oliveira.

“O estado de São Paulo, onde ganhamos com a Sercomtel, é um estado que tem vocação agrícola fortíssima, mas também possui uma grande concentração industrial, talvez uma das maiores do mundo.”

Quanto à região Norte, o plano é usar o 5G como um veículo para promover a sustentabilidade no local. “Com soluções e tecnologias que serão utilizadas através da rede, vamos desenvolver várias soluções para promover a sustentabilidade da Amazônia, reduzir desmatamento e as queimadas, e provocar inclusão digital em áreas que estão completamente isoladas do mundo digital”, explicou.

Ele ainda avaliou que o resultado da licitação foi o melhor possível para as empresas, porque conseguiram exatamente o que queriam, pagaram o preço que consideram justo e sem desperdício de recursos.

Brisanet

A companhia de José Roberto Nogueira, que lançou IPO em julho, garantiu dois blocos de 80 MHz na faixa de 3,5 GHz para atender o Nordeste e o Centro-Oeste, além de 50 MHz da banda de 2,3 GHz para o Nordeste. Atualmente, o foco da Brisanet está no serviço de fibra óptica nos estados nordestinos.

Com a aquisição do espectro para a rede móvel, a proposta é ativar a rede comercial em 2023, após um piloto no próximo ano. Segundo o portal Tele.síntese, a empresa deseja união com os outros operadores regionais para formar uma “quarta operadora nacional” por meio do compartilhamento de infraestrutura.

Um dos desafios a serem superados são acordos de roaming com as operadoras nacionais. Enquanto não houver esse negócio, a Brisanet deve ativar o 5G em conglomerados onde há baixa taxa de deslocamento da população, porque reduz a demanda de roaming.

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