Barcelona.- A Huawei defende que o Brasil adote um plano nacional de digitalização para a construção de nação digital. Em uma conversa com a DPL News, Carlos Lauria, diretor de Relações Governamentais e Assuntos Regulatórios, e Atílio Rulli, vice-presidente de Relações Públicas para a América Latina e o Caribe, comentaram as demandas que foram apresentadas à equipe de transição e ao novo governo do país.
Questionado sobre o que é necessário para o país desenvolver seu ecossistema digital, Lauria respondeu que “o Brasil precisa de um plano nacional de digitalização geral, a nação digital”.
“Hoje a gente tem 10 a 12 órgãos dentro do governo, todos tratando de nação digital, mas não tem um acima que faça uma coordenação”, afirmou. Atualmente, o tema da digitalização está pulverizado nos ministérios das Comunicações, da Educação, da Saúde, entre outros, “mas não tem uma coordenação acima”.
“Isso é uma coisa que seria importante. Nos países onde os planos nacionais deram certo, em todos eles tinha esse coordenador dos ministérios. Mas isso é um órgão que tem que estar acima deles para fazer essa coordenação. A gente ainda sente falta disso”, comentou.
Essa é uma preocupação para o 5G, mas também para o 5.5G e a questão da banda de 6 GHz. “É uma preocupação global, não é uma preocupação só nossa, a gente se preocupa do Brasil ficar fora de um ecossistema que vai ser desenvolvido“, disse Lauria.
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Outras demandas
A Huawei, assim como outras empresas do setor, também tratou com o governo atual a necessidade de reduzir impostos para popularizar os equipamentos e levar o acesso à Internet para mais lugares do país. Além da liberação do uso do Fust, “esse dinheiro pode ser usado para educação, para inclusão, para uma série de atividades importantes para o setor e para o lado social do Brasil”, acrescentou Rulli, que também participou da conversa.
“Outros fundos também, o FNDCT, tem outros cofres a serem abertos e melhor utilizados com políticas nacionais. Falamos muito também da questão de ampliação de uma banda larga fixa no Brasil”.
A Huawei lançou um whitepaper com a Softex e a Teleco durante o Mobile World Congress 2023 com propostas para implementar o F5G (fixed 5G) no Brasil. O objetivo é fibrar mais o país para melhorar a qualidade da banda larga e permitir a digitalização de vilarejos, cidades e indústrias.
Lauria e Rulli mencionaram o fato de que os provedores de pequeno porte são responsáveis por mais da metade do market share da banda larga fixa. Para eles, isso representa um desequilíbrio de atuação.
A banda larga fixa no Brasil também tem uma definição diferente de em outros países. Enquanto no Brasil é de 10 Mbps, em outros países é de 100 Mbps. “Se você fizer esse ponto de corte no 100 Mbps, o Brasil já não tem essa penetração de banda larga como se imagina”, afirmou Lauria.
Por fim, a falta de pessoas capacitadas para implementar as redes e capazes de usar os equipamentos continua sendo um problema a ser combatido no país.