Vulnerabilidade na sinalização de roaming foi a brecha que deflagrou investigação da Polícia Federal
Uma investigação da PF (Polícia Federal) expôs o uso de um software de geolocalização pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para rastrear a localização de cerca de 2 mil alvos, incluindo políticos, jornalistas e adversários do governo Bolsonaro.
O programa, conhecido como “FirstMile,” armazenava dados em um servidor em Israel, levantando preocupações de segurança nacional. O uso clandestino do software suscitou inúmeras questões sobre privacidade e proteção de dados, resultando em operação de busca e apreensão e no afastamento de cinco servidores da Abin e na prisão de dois deles.
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O Software Espião
O programa espião permitiu que a Abin monitorasse a localização dos alvos apenas com o número de celular, gerando mais de 30 mil registros. Cerca de 1.800 deles estavam ligados a figuras políticas, jornalistas e advogados, levantando questões sobre o alcance da espionagem governamental.
A escolha de armazenar os dados em um servidor em Israel gerou preocupações sobre a exposição de operações estratégicas do governo brasileiro, uma vez que o sistema estava fora do controle direto do governo.
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Investigações
O caso levou à abertura de investigações em várias frentes, com a PF e o STF (Supremo Tribunal Federal) buscando esclarecer a extensão do uso do software e garantir a legalidade de suas ações. A Abin colabora com as autoridades competentes no processo de apuração.
Em paralelo a esses acontecimentos, a Anatel também entrou em ação após a divulgação das vulnerabilidades das redes de telecomunicações e conduziu um processo de apuração, conforme divulgou o portal Teletime. As grandes operadoras do Brasil reforçaram sua segurança contra uma vulnerabilidade que permitiu o uso indevido da Sinalização 7 para rastrear a localização de celulares.
A investigação levantou suspeitas de que uma operadora estrangeira, com acordo de roaming regular no Brasil, possa ter abusado dessa vulnerabilidade para obter dados que foram posteriormente compartilhados com a empresa que forneceu o software à Abin. As operadoras implementaram medidas de proteção, incluindo a instalação de firewalls específicos para evitar o uso inadequado da Sinalização 7.