A Qualcomm é uma das grandes empresas de tecnologia que está investindo no desenvolvimento metaverso. A companhia atua em quatro pilares específicos: chips, algoritmos, modelos de referência e conteúdo.
Em conversa com a DPL News, Hugo Swart, vice-presidente e general manager de XR e Metaverso da Qualcomm, explica que a companhia investe nos chips que são utilizados em equipamentos de realidade aumentada e realidade virtual, por exemplo.
Os algoritmos dão funcionalidades a esses dispositivos. “Por exemplo, se você quer controlar a sua experiência imersiva através da sua mão, você faz o reconhecimento de gestos e rastreamento na mão. A gente tem essa tecnologia”, comentou.
O terceiro tópico são os modelos de referência que a Qualcomm desenvolve para apresentar a outras empresas. A partir disso, algum cliente pode se interessar e desenvolver seu próprio dispositivo.
Por fim, a Qualcomm também incentiva a criação de conteúdos e aplicativos. Swart citou a plataforma para desenvolvedores Snapdragon Spaces, lançada em junho. “A gente tem um SDK (software development kit) que o desenvolvedor baixa e começa a desenvolver para realidade aumentada”, comentou. A empresa também tem o hardware development kit, composto pelo óculos ThinkReality A3, da Lenovo, e pelo smartphone Motorola edge+.
O executivo disse que a plataforma foi “bem recebida” e que a companhia disponibiliza novos recursos a cada seis semanas.
“A Qualcomm tem esse papel de investir desde cedo para possibilitar novas indústrias com a nossa tecnologia e com os nossos produtos”.
Participação da América Latina
Questionado sobre as oportunidades para a América Latina, Swart disse que a maior delas é a criação de novas aplicações, novos conteúdos e novas formas de se expressar. “Qualquer um pode fazer isso. É justamente o que a gente tenta estimular com a nossa plataforma Snapdragon Spaces”.
Ele também mencionou que teve uma conversa com a associação brasileira XRBR, que reúne players de XR (realidade estendida), para mostrar que existe a possibilidade de os desenvolvedores criarem conteúdos que estariam disponíveis tanto no Brasil quanto fora do país.
E acrescentou que as oportunidades são para diversas áreas, por isso tem multiplicado o número de cargos relacionados ao metaverso. “Acho que todas as empresas vão pensar ‘tenho um produto. Como eu vou fazer esse produto no metaverso?’”
Desafios
Para chegar a essas oportunidades, o caminho ainda envolve desafios. Um deles é o alto preço dos dispositivos, que impede a disseminação dos equipamentos de XR, por exemplo. Para Swart, isso acontece porque o mercado ainda é pequeno, mas, com a escala, a tendência é que o preço diminua.
Além disso, ele menciona que políticas de incentivo poderiam estimular que os produtos cheguem ao Brasil com um preço mais acessível.
“Tem o fator da indústria, que é nascente e tem muitos componentes novos que ainda precisam chegar em uma escala para baratear, e tem as políticas locais, que poderiam incentivar esses dispositivos no país.”
Outros desafios na construção do metaverso são desenvolver displays adequados, um processador mais potente, pequeno e com baixo consumo de energia, a conectividade 5G e Wi-Fi6 e o conteúdo.
A interoperabilidade entre ambientes virtuais também é uma questão em que a Qualcomm está trabalhando. O executivo mencionou as características técnicas – as APIs – e comerciais. “Se eu tenho uma roupa digital que eu comprei no mundo X e agora vou para o mundo Y. Posso levar essa roupa também?”, exemplificou.
“A visão da Qualcomm é que os pilares sejam harmonizados, porque não fabricamos esses mundos, mas estimulamos o mercado. Se existem aspectos em comum que facilitam para o desenvolvedor e para o fabricante, o mercado ganha mais escala”.