Os provedores de Internet (ISPs) têm uma grande oportunidade no mercado de Internet das Coisas (IoT), segundo André Martins, CEO da NLT Telecom.
Durante o Encontro Nacional Abrint 2023, o executivo afirmou que o Brasil está aquém da média global no número de acessos IoT. Ao mesmo tempo, os provedores de pequeno porte têm a possibilidade de levar esse serviço às cidades menores do país.
“Os ISPs tem relação com governo, enterprise e usuário final nessas cidades [pequenas] que as grandes operadoras não têm. Quem vai levar o IoT pras cidades do interior, quem vai fazer as smart cities do Brasil serão os ISPs“, disse o executivo.
Um exemplo dessa oportunidade é a previsão de que serão conectados 100 milhões de smart meters no país nos próximos cinco anos. Para Martins, os ISPs podem participar desse mercado, principalmente porque o espectro já está liberado.
6 GHz
No painel Espectro: a nova fronteira dos modelos de negócio, os participantes também falaram sobre a faixa de 6 GHz e sua liberação para o uso não licenciado, ou seja, o WiFi 6E.
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) destinou o espectro para o uso não-licenciado indoor, e os ISPs estão interessados nesta oportunidade, mas a faixa ainda não é muito utilizada, principalmente por conta do preço dos equipamentos para WiFi 6E.
Basilio Perez, conselheiro da Abrint, acredita que o mercado vai avançar mais rapidamente depois que a Anatel liberar o uso outdoor.
“Eu acho que o espectro do WiFi 6E vai começar a se popularizar pelo outdoor. Os equipamentos ainda são caros, mas não são inviáveis para prestar o serviço [como o indoor]. Uma coisa é o equipamento custar R$ 2 mil para colocar na casa de alguém [indoor], outra coisa é o equipamento custar R$ 5 ou 6 mil para colocar na rua [outdoor], que vai atender milhares de pessoas, é barato”, comentou.
Cristiane Sanches, conselheira da Abrint, complementou afirmando que outro desafio é a gestão do espectro, que deve ser feita de forma automatizada. Isso porque parte do espectro já é utilizada por serviço satelital fixo e serviço móvel. Como não pode ter interferência, é necessário um sistema automático para gerenciar o uso da faixa.
A boa notícia para os ISPs é que 62 países já garantiram o 6 GHz para o uso não licenciado, os quais são responsáveis por 40% de tudo que circula no mundo, disse Sanches. Por isso, a perspectiva de crescimento do uso de WiFi é de 6% ao ano.