Conectar escolas públicas do Brasil custa até R$ 11 bilhões

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O Brasil possui 35 mil escolas públicas sem acesso à Internet, seja porque estão em áreas sem cobertura (22 mil), seja porque não contrataram um plano de conectividade (15,6 mil) ou porque as instituições estão localizadas em lugares sem energia elétrica (5,4 mil). A maior parte dessas escolas estão nas regiões nordeste e norte e em zonas rurais.

O estudo também mostrou que, das 104 mil escolas públicas conectadas, 50% não utilizam a Internet para uso pedagógico nem para uso dos estudantes. Um dos motivos para isso é a baixa velocidade de conexão e, ainda que todas as escolas quisessem contratar Internet de alta velocidade, 25% delas não possui oferta no município.

Os dados são do Estudo de Conectividade das Escolas Públicas, da MegaEdu, uma organização sem fins lucrativos. O documento detalhou as condições de infraestrutura das instituições do país, determinou qual seria a tecnologia ideal para levar Internet com velocidade adequada às escolas e o custo desse projeto.

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Tecnologia ideal

A pesquisa determina como velocidade de qualidade o equivalente a 1 Mega por estudante para garantir o uso pedagógico em sala de aula. Por exemplo, se uma escola tem 100 alunos no maior turno, é necessário ter pelo menos 100 Mbps de velocidade.

Por isso, a melhor tecnologia para prover esse tipo de conectividade é a fibra óptica, pela sua velocidade, estabilidade e menor obsolescência em relação às outras tecnologias, como o cabo metálico. Além disso, a fibra possui escalabilidade, já que o compartilhamento de rede não diminui o throughput (taxa de transferência de dados individual), e baixo custo de manutenção.

Custo

Sabendo que a fibra é o ideal para levar Internet às escolas, o estudo dividiu as instituições em locais com tecnologia de fibra e locais sem cobertura de fibra, dos quais 8,3 mil escolas estão em região com retorno financeiro em menos de 30 meses e 46 mil estão em região com retorno financeiro com mais de 30 meses.

A entidade defende que os incentivos econômicos devem ser direcionados para atender as 46 mil escolas em lugares de baixo interesse pelas operadoras, sendo que, para isso, é necessário de R$ 9 a R$ 11 bilhões de investimento em infraestrutura entre 2022 e 2025 para conectar as escolas com fibra óptica.

Adicionalmente, o custo anual para manter os planos de Internet somam de R$ 220 a R$ 230 milhões.

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Apenas 5,4 mil instituições desconectadas precisam de conexão com tecnologia alternativa porque a fibra é inviável tecnicamente. Para essas escolas, a conexão por satélite custaria de R$ 8 a R$ 36 milhões em instalação e equipamentos e mais R$12 milhões a R$ 54 milhões por ano para custear os planos.

Benefícios

Segundo a MegaEdu, a conectividade cria oportunidades que potencializam a educação tradicional porque personaliza a experiência de aprendizado, aumenta alcance dos melhores instrutores e conteúdo, viabiliza novos modelos efetivos de aprendizado, entre outros benefícios.

Essas vantagens ficaram ainda mais evidentes durante a pandemia. Em 2020, por exemplo, 99,3% das instituições de ensino suspenderam as atividades presenciais e, para dar continuidade às atividades, 77,4% das escolas públicas disponibilizaram materiais na Internet e 90,2% das particulares fizeram o mesmo.