De 2013 a 2018, o Brasil reduziu os gastos governamentais no segmento de pesquisa e desenvolvimento (P&D). “Não estamos acompanhando a tendência mundial de aumento em investimento em P&D”, afirmou Gianna Cardoso Sagazio, diretora de Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), nesta segunda-feira, 4.
Em audiência na Câmara dos Deputados sobre a crise de semicondutores, a executiva mostrou que o país investiu 1,14% do PIB em P&D no ano de 2018, sendo que países como Israel e Coreia já estão chegando a quase 5% do PIB no segmento.
Isso se reflete no nível de inovação e na economia do país. “Existe uma correlação direta entre a capacidade dos países de inovar e a dinamicidade de suas economias. Países que são mais inovadores e que têm priorizado a ciência, tecnologia e inovação têm conseguido posições melhores, traduzindo uma maior dinamicidade de suas economias e gerando maior qualidade de vida para suas populações”, disse.
O Brasil ocupa a 57ª posição no Índice Global de Inovação 2021, entre 132 países. Sua melhor colocação no ranking foi em 2011, quando era a sétima economia do mundo.
Além dos investimentos, outro ponto crucial para enfrentar as crises globais, tanto de semicondutores quanto a de Covid-19, é por meio de políticas públicas de longo prazo e robustas, que são construídas com o setor empresarial. “Isso é importante porque o setor traz a visão de como as políticas podem ser eficazes. Reitero aqui a importância da indústria participar das políticas, inclusive da governança”, defendeu.
E acrescentou que a indústria de semicondutores é central, “porque é por meio dela que nós vamos participar da quarta revolução industrial”.
Mas, no momento, a redução dos recursos destinados à ciência e os instrumentos de políticas públicas atuais do Brasil “comprometem a capacidade de participar do movimento mundial para fortalecer a indústria e de inserção nas cadeias globais de valor.”