A quantidade de cabos roubados ou furtados no Brasil está acima de 4 mil km desde 2019. Naquele ano, as estruturas roubadas eram equivalentes a R$ 500 milhões, o suficiente para instalar 1 mil antenas de celular. Em 2020, o número de cabos roubados subiu para o equivalente a R$ 1 bilhão, que poderiam ser usados para instalar 2 mil antenas.
Os números foram apresentados por Vivien Suruagy, presidente da Federação Nacional de Call Center, Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações e de Informática (Feninfra), durante a Feninfra Live nesta segunda-feira, 30.
Ela afirma que esse tipo de crime gera prejuízo para as empresas, prejudica a população e os serviços essenciais – como hospitais, bombeiros e polícia – que têm a conectividade cortada e ameaça a segurança das redes. “É uma questão de segurança para o país”, comentou Suruagy.
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Em sua participação, Daniela Martins, Gerente de Relações Institucionais e Governamentais e de Comunicação da Conexis Brasil Digital, acrescentou que o furto impacta toda a sociedade. “A conexão é um meio de comunicação que interliga as pessoas a serviços públicos, a educação, a emprego, a outras formas de serviços que não apenas a comunicação”.
Segundo Martins, a Conexis vem dialogando com todas as esferas de poder – federal, estadual e municipal – para fazer a conscientização desse problema.
Atuação da Anatel
Luciano Barros, presidente do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (IDESF), defende que a questão seja resolvida em duas grandes frentes: no legislativo e na esfera municipal.
“É muito importante estar normatizado, essas propostas de lei são importantíssimas [PL 5.845/2016 e PL 5.846/2016], cada vez mais estar alinhados com essas atividades do crime, mas a primeira pergunta, quando se pensa em legislação é: o que o Brasil quer ser em termos de segurança em telecomunicações?”, provocou.
A outra recomendação é aumentar os braços fiscalizatórios, ampliando para os municípios. “A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) deveria estender esses braços para as esferas municipais, que tenhamos agentes que estejam sob o regimento da Anatel e que sejam competentes para fiscalizar essas ações nos municípios.”
Hermano Tercius, Gerente de Fiscalização da Anatel, apresentou algumas atuações da Agência. No estado de Pernambuco, por exemplo, a Anatel participou de ações coordenadas com órgãos de segurança e com a empresa de fornecimento de energia para combater furtos e recuperar os equipamentos.
“Após essas ações, foi monitorado nos meses posteriores e as prestadoras reportaram que houve uma diminuição de 82% dos furtos”, explicou Tercius. Ele ainda citou outros exemplos de atuação da Agência na sensibilização das autoridades e na inteligência da polícia para ajudar a localizar as empresas irregulares – que compram equipamentos roubados. Para o regulador, são ações que devem ser expandidas.
Também participaram do painel Vitor Menezes, diretor de assuntos institucionais da Liga Telecom, e José Roberto, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Comunicações e Publicidade.