5G no Brasil não deverá ser adiado por interferência na aviação: Anatel

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A Embraer tem interesse em realizar testes, em voo e em solo, para analisar se o 5G pode interferir na segurança dos voos. De acordo com nota do conselheiro Moisés Moreira, da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a empresa solicitou apoio da agência para a definição dos ensaios, o que ainda será avaliado pela Superintendência de Outorga e Recursos à Prestação (SOR).

A preocupação da Embraer se deve às discussões que têm tomado conta do setor de telecomunicações nos Estados Unidos. Nesta semana, AT&T e Verizon adiaram o lançamento da tecnologia por possíveis interferências na aviação.

Segundo Moreira, que também é presidente do Grupo de Acompanhamento da Implantação das Soluções para os Problemas de Interferência (Gaispi), a situação no Brasil é diferente e não deverá adiar a ativação do 5G no 3,5 GHz.

“A principal faixa para a implantação das redes do 5G, tema dessa discussão, é a de 3,5 GHz, que no Brasil corresponde à faixa de 3.300 a 3.700 MHz, estando, portanto, localizada em frequência inferior à utilizada nos Estados Unidos, que vai de 3.700 a 3.980 MHz”, afirmou o conselheiro.

Já os equipamentos utilizados nos aviões operam na faixa de 4.200 a 4.400 MHz. “Assim, o 5G no Brasil está afastado em pelo menos 500 MHz da frequência de operação desses equipamentos, enquanto nos Estados Unidos esse afastamento é de pouco mais de 200 MHz.” Com maior banda de guarda, o Brasil tem melhores condições para convivência e menores riscos de interferências.

A única condição para o lançamento do 5G no 3,5 GHz é a migração do sinal da TV aberta por satélite da banda C para a banda Ku, de forma que a ativação da nova tecnologia não impeça a recepção do sinal de televisão aberta e gratuita.

“Ainda assim, até o início da ativação das estações do 5G, caso a Anatel identifique a necessidade de medidas adicionais para a proteção de equipamentos utilizados por aviões, estas serão adotadas e divulgadas oportunamente”, garantiu Moreira.

A Anatel divulgou recentemente que está monitorando a faixa de 4 GHz junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) desde o início de 2021. Além disso, a Anatel estuda o uso da faixa de 3,7 a 3,8 GHz para redes 5G de baixa potência, para atender redes privadas. Se for aprovado, ainda haverá uma separação espectral de 200 MHz – recomendado pela  Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) – e a potência será mais de mil vezes inferior ao que será utilizado na maioria dos países europeus.

Embraer

Procurada, a Embraer não confirmou os testes, mas disse que tem acompanhado as discussões, colaborado com as autoridades aeronáuticas competentes e orientado seus operadores para garantir “o mais alto grau de segurança da operação das aeronaves Embraer neste cenário”.

E acrescentou que está em “contínua cooperação com a Anatel e que o problema em questão se aplica unicamente às operações no território norte-americano.”

Estados Unidos

Em novembro passado, a AT&T e a Verizon adiaram o lançamento do 5G nos Estados Unidos em um mês, marcando a ativação do sinal para este 5 de janeiro. Isso aconteceu porque a Administração Federal de Aviação do país ainda estava analisando a interferência dos sistemas de segurança da cabine da aeronave.

No início desta semana, as empresas chegaram a negar o pedido do governo estadunidense para adiar novamente o lançamento da tecnologia, mas a negativa não se sustentou e a ativação do sinal foi adiada mais uma vez, por duas semanas.

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