Huawei prepara retorno dos celulares ao Brasil e minimiza impacto de sanções dos EUA
A gigante chinesa reforça presença na América Latina com expansão do 5G, data centers e inteligência artificial
Barcelona, Espanha. – A Huawei está planejando a volta dos seus smartphones ao Brasil após seis anos fora deste mercado no país. Em entrevista coletiva, Daniel Zhou, presidente da Huawei para a América Latina, confirmou que a empresa já retomou os eventos de lançamento na região começando por seus wearables e que o feedback tem sido positivo.
“No ano passado, voltamos ao mercado de dispositivos no Brasil, na Colômbia, no México e até na Costa Rica. O foco principal agora é melhorar nossos ecossistemas e oferecer uma melhor experiência aos usuários finais”, afirmou o executivo, antecipando um crescimento significativo do segmento em 2025.
A questão é que duas principais barreiras dificultam o retorno de seus smartphones altamente tecnológicos, resistentes e com câmeras telescópicas ao Brasil. A primeira é a concorrência alta e consolidada no país: em seu último ano de venda em 2019, numa parceria com a Positivo, a Huawei registrou apenas 0,01% de participação de mercado, conforme levantamento do IDC no primeiro trimestre de 2020.
A segunda e mais sensível diz respeito às sanções impostas pelos Estados Unidos, que afetaram a capacidade da Huawei de acessar tecnologias essenciais, como os serviços do Google. Isso limitou a oferta de aplicativos populares e impactou a atratividade de seus dispositivos no mercado brasileiro.
“Não nos assusta”
Mas nada disso intimida a gigante. Em meio a um cenário de disputas geopolíticas, Zhou foi questionado sobre o impacto das novas sanções dos EUA, sob o comando de Donald Trump. O executivo minimizou os riscos e disse que a Huawei seguirá focada na sua base de clientes na América Latina.
“Estamos em 170 países, há 28 anos na região. Não há muita coisa que possa nos assustar. Temos um foco local e a preocupação de atender bem nossos clientes, há uma demanda. Se nossos produtos e soluções são bem recebidos, seguimos confiantes de continuar aqui”, declarou.
E se uma porta se fecha, sempre há uma janela aberta. A Huawei tem acelerado sua expansão na América Latina com investimentos em infraestrutura de 5G, computação em nuvem e inteligência artificial.
No México, a empresa já conta com mais de 10 mil estações base 5G. No Chile, tem liderado a modernização das redes 4G e 5G. No Brasil, trabalha com as estatais Dataprev e Serpro no desenvolvimento de infraestrutura de nuvem para o setor público.
6 GHz
Sobre o futuro da conectividade, Zhou comentou a decisão da Anatel sobre a destinação de banda alta da faixa de 6 GHz para o 6G. “A maioria das regiões do mundo reservou essa frequência para uso futuro do 6G. As consequências dessa decisão só serão visíveis daqui a alguns anos, mas acreditamos que o alinhamento global será crucial para o avanço tecnológico”, disse.
Além disso, a empresa reforça seu compromisso com sustentabilidade, buscando reduzir a pegada de carbono em toda sua linha de produtos e investindo em tecnologias que melhorem a eficiência energética das redes 5G.