Claro, TIM e Vivo não conseguiram vender ERBs da Oi; remédio foi em vão

Nem Claro, TIM ou Vivo conseguiram vender as estações rádio base (ERBs) herdadas da Oi Móvel. 

A maioria dos equipamentos à venda suportava principalmente redes 2G e 3G, este já é um indício da falta de interesse por outros compradores. E nem as operadoras deverão usar as ERBs, mostrando que a obrigação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) foi em vão.

Quando Claro, TIM e Vivo compraram a Oi Móvel em março do ano passado, o Cade impôs algumas condições com o objetivo de amenizar a concentração de mercado causada pela operação. Uma das obrigações determinava que a TIM e a Vivo deveriam ofertar ao mercado 50% das ERBs adquiridas da Oi, e a Claro, 40%.

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A TIM colocou à venda 3,6 mil ERBs, com preços que iam de R$ 26 mil nos sites para 2G até R$ 322 mil nos sites que suportavam 2G, 3G, 4G e 5G. A Vivo ofertou 1,3 mil sites com preços entre R$ 3,8 mil a 83 mil, dependendo das características dos equipamentos. E a Claro colocou à venda quase 2 mil sites (42% do total) por preços entre R$ 5 mil e R$ 244 mil, de acordo com a tecnologia.

As operadoras tinham até oito meses para cumprir com a imposição, e assim o fizeram. As ofertas ficaram públicas por seis meses em um primeiro momento e, como não foram vendidas, as operadoras prorrogaram por mais dois meses com descontos.

Mesmo assim, o mercado não se interessou pelos equipamentos e Claro, TIM e Vivo cumpriram o remédio sem conseguir nenhum acordo.

Sem utilidade

Segundo Marcello Caldano de Melo, professor dos cursos de treinamento no Inatel, a incompatibilidade tecnológica tanto das antenas – por causa da frequência –, quanto da unidade de processamento inviabilizariam a utilização das ERBs mais antigas para 4G e 5G.

Em tempos de construção de redes 5G, boa parte dos sites não teria utilidade para novos interessados – até porque seria necessária a autorização para o uso das frequências –, nem para Claro, TIM e Vivo. 

Além disso, TIM e Vivo informaram que as estruturas sobrepostas com as suas serão desativadas e o mesmo deve acontecer com a Claro.

Em vão

É louvável a iniciativa de colocar as estruturas à venda para dar uma oportunidade a novas operadoras, mas a verdade é que foi em vão, já que não gerou vantagens para outras empresas.

E não parece que o insucesso da venda das ERBs foi por falta de esforço das operadoras, mas por falta de conhecimento sobre o tema pelo Cade para sugerir a oferta das ERBs.

Apesar disso, não posso deixar de citar outros remédios impostos pelo Cade, como a oferta para roaming nacional e para MVNOs (operadoras móveis virtuais), que prometem ser mais eficazes no combate à concentração de mercado.

No entanto, em relação às ERBs, a questão que fica é o que será feito com o material dos sites agora que a obrigação já foi cumprida – mesmo sem nenhuma venda.