8M | A mais jovem executiva da Microsoft lidera time de Azure no Brasil
Aos 28 anos, Stéfany Mazon encabeça o time de vendas da Azure, plataforma de nuvem da Microsoft, é professora de um MBI em TI, palestrante do TED Talks e possui quatro patentes em inteligência artificial de quando era estagiária na IBM. Por dois anos ela foi líder de estratégia deste braço da empresa e agora lidera uma equipe de sete pessoas responsável por captar os clientes enterprise, a maior fatia de rendimentos da Microsoft.
Assim como as metas são a alma do setor de vendas, ela acredita ser importante ter sempre uma a perseguir e, sem modéstia, Mazon espera ser CEO de uma grande empresa aos 40.
Mayara Figueiredo (MF): Conte um pouco sobre essa meta, você acredita que alcançará esse lugar na Microsoft?
Stéfany Mazon (SM): É o que mais me brilha os olhos, mas mais do que almejar cargo, ou que ele chegue aos 40, 50, 60 anos, quero impactar pessoas, trocar experiências, aprender com minha equipe. Também acredito que o preparo é importante, busco sempre me atualizar às novas tecnologias e tenho o apoio da Microsoft que já tem uma cultura de 50/50 entre homens e mulheres no executivo. Tenho sorte de ter duas mulheres como chefes, a CEO Tânia Cosentino, e a CFO Glaucia Rosalen.
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MF: E sobre a sua liderança, como é estar à frente do time de vendas da Azure?
SM: Estou na Microsoft há quatro anos, entrei como vendedora, passei para a liderança de estratégia de Azure e agora estou à frente do time de vendas dessa plataforma. Lido com os maiores clientes da companhia, que são do segmento empresarial, e está sob nossa responsabilidade fazer com que eles entendam as vantagens de migrar seus ativos para a nuvem, como fazer essa transição, etc.
Com o meu time, procuro ter uma liderança colaborativa, até porque alguns deles possuem mais experiência que eu, mas o mais difícil é manter um time 50/50 porque o mercado de TI, embora tenha melhorado um pouco, ainda é predominantemente formado por homens. Mas conseguimos uma equipe de qualidade com igualdade.
Stéfany estudou toda a vida em colégio ortodoxo, em classes completamente formadas por meninas. No curso de Engenharia Eletrônica no Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), esse cenário mudou radicalmente para uma sala cheia de rapazes, onde o diferente, no caso, ela, pode se destacar.
Pela aposta de uma professora, ingressou já no primeiro ano da faculdade, numa iniciação científica sobre inteligência artificial, em uma era não tão distante, mas ainda remota para a popularização de ferramentas como as atuais.
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MF: Quais são os focos das suas patentes?
SM: Comecei esse trabalho há 10 anos. Então, de fato, até o hype da IA com a OpenAI, houve muitos estudos. O foco principal das minhas patentes está muito voltado para machine learning aplicado a texto. Isso inclui coisas como transcrição automatizada, que hoje é algo comum, e também a utilização de machine learning em robôs. Em outras palavras, trata-se de ensiná-los a aprender ao longo de sua jornada. E uma das minhas patentes foi bastante específica, relacionada à reparação automática de tubulações.
MF: Você também leciona em um MBA dando aula de TI. Como você vê esse âmbito da sua vida e qual a importância de capacitar mulheres nessas áreas?
SM: Fui instigada na escolha pela engenharia eletrônica por causa de uma professora, decidi na escola porque ela disse que se eu estudasse isso, descobriria como funcionava uma caneta. Até hoje não descobri como essa caneta funcionava, mas sou apaixonada pela área, pelos números. Por isso a representatividade é importante, ser encorajada por outras mulheres.
Dou aula de TI para executivos e vejo que não estamos no ideal, mas estamos chegando lá em questões de gênero. Li uma pesquisa da Brasscom que fala em 39% de mulheres na área de TI e, claro, temos problemas de disparidade nos salários, então há muito a ser feito.
Também dou uma mentoria para jovens judias como eu, que já estão no mercado de trabalho, a como se colocarem na área de TI. Na Microsoft, dou um curso completo de oito horas, na plataforma de capacitação Microsoft Conecta+ e a empresa também possui o programa de capacitação Girl Power que promove a participação de mulheres na tecnologia.