Unicef: família e sociedade limitam acesso de meninas em carreiras STEM

Dados da Unicef revelam disparidades significativas de gênero em relação à confiança e expectativas na área de ciências e matemática, impactando diretamente as escolhas educacionais e profissionais de meninas em todo o mundo.

Bogotá, Colômbia.- 70% dos indivíduos em 34 países associaram ciência e matemática a meninos e não a meninas. E, em alguns países, 50% dos pais e mães esperam que seus filhos estudem carreiras STEM contra apenas 20% dos que esperam que suas filhas sigam estas carreiras. 

Estes são dados da Unicef, relatados por Maria José Velasquez, especialista em educação digital da organização, durante o evento LAC ICT Talent Summit 2023.

“Definitivamente, não é falta de interesse das meninas, mas sim de uma sociedade que, de fato, faz com que as meninas cresçam com preconceitos, e estereótipos de gênero que afetam as decisões que elas tomarão”, disse.

Para Velasquez é urgente combater esses estigmas e trabalhar para fechar a lacuna de gênero na área de tecnologia. Ela mencionou programas como “Skill for Girls”, que incentivam o envolvimento de adolescentes negras na tecnologia em diversos países da região.

A iniciativa foca na transformação do currículo escolar com hackathons e bootcamps para desenvolver suas habilidades nas áreas STEM. A abordagem inclui podcasts para desafiar estereótipos de gênero e proporcionar modelos inspiradores às meninas.

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Capacitação de professores

Para além das questões de gênero e de incentivos aos estudantes, Eilean von Lautz-Cauzanet, assessora de políticas, desenvolvimento econômico e social da GIZ (Sociedade Alemã de Cooperação Internacional), propôs melhorias nos sistemas educacionais dos países, incluindo a capacitação de professores com formação continuada

Por um método simples, através do WhatsApp, promoveram um curso para os educadores que, de forma simultânea, formaram grupos de trabalhos para fazer trocas sobre práticas de trabalho.

“Isso mostrou que a interação entre eles melhorou e sua confiança e interesse na carreira”, ressaltou. “Pode não parecer um método sofisticado mas as ideias de inovação não são exatamente as que brilham, mas as que fazem diferença para as pessoas, esse programa mostra isso e o futuro depende dos professores, então temos que fazer a diferença para eles e elas.”

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Sergio Scarabino, representante para a América do Sul, da UIT (União Internacional de Telecomunicações), falou sobre a necessidade de abordagens integradas entre diferentes setores para enfrentar desafios educacionais e tecnológicos. “Nós da UIT queremos conectar todo o mundo e certamente a Unesco quer educar o mundo todo, e assim deve se integrar às organizações”, explicou.

Para ele, trabalhos coletivos visam não apenas eliminar desigualdades de gênero, mas também criar ambientes propícios para que meninas e meninos explorem seu potencial inovador, garantindo uma sociedade mais equitativa e inclusiva.