Descobrir as melhores aplicações de nuvem para a indústria é desafio para o setor

Implementar a transformação digital em indústrias tradicionais é um dos maiores desafios do setor. A ideia foi debatida durante o painel virtual “Cloud & edge computing – estimulando a indústria 4.0 e escalonando negócios”, nesta terça-feira, 1, organizado pela Futurecom.

Eduardo Ungaretti, IT l Manager Enterprise Architecture, IT Infrastructure & Cybersecurity da Mercedes-Benz, traduziu a questão enfrentada para a implementação de tecnologias de nuvem e edge computing: “Quando trazemos esse cenário para indústrias tradicionais, essa ação não é tão simples, porque não estamos partindo de sistemas criados agora, que já são cloud native, nós lidamos com sistemas legados de 20, 30 anos”.

Para ele, a chave é descobrir como levar toda a carga de trabalho para a nuvem sem causar ruptura do negócio. Nas fábricas, por exemplo, é necessário ter alta disponibilidade. “Como trazer essa disponibilidade para dentro de casa utilizando a nuvem sem que isso traga um risco maior para o business? Essa é a jornada que estamos montando nos últimos anos, tentar entender qual é o melhor modelo para cada tipo de situação”, explicou.

A dificuldade mencionada encontrou eco nos outros painelistas. Alessandro Malucelli, Industrial Engineering Sr. Manager da Whirlpool, disse que a empresa passou a armazenar dados na nuvem em 2017 para avaliar, no futuro, o que poderiam trazer de benefícios.

“A pergunta que começou a surgir no ano passado foi ‘o que nós queremos com esses dados?’”, apontou Malucelli. Na companhia, eles possuem duas necessidades principais: dados em tempo real para a fábrica, já que se produz um novo produto a cada quatro segundos, e análises das informações para identificar tendências, por exemplo. 

Essa constatação é importante para a adoção de novas tecnologias, pois a baixa latência é mais relevante no primeiro caso, enquanto, no segundo, o processamento dos dados tem mais valor.

Flavio Marques, gerente da Engenharia de Aplicação da Furukawa, falou sobre outro desafio para as indústrias no tema da nuvem: manter a uniformidade de disponibilidade, velocidade e reduzida latência desde os grandes centros de dados até a ponta. Segundo Marques, a Furukawa tem se dedicado a solucionar a heterogeneidade de conectividade.

Para o diretor de TI, Infraestrutura e Operações de Tecnologia da Natura & Co, Jorge Stakowiak, o futuro será híbrido. Ele diz que, atualmente, estamos no período de transformação, descobrindo como fazer as melhores aplicações. No entanto, nem tudo é desenvolvido para a nuvem, principalmente diante dos sistemas legados. Com a implementação do 5G, Stakowiak acredita que essa transformação na indústria será acelerada.

5G acelerando a Indústria 4.0

A forma como o 5G poderá impactar as indústrias também foi tema de discussão entre Ari Lopes, senior Research Manager da Omdia, e Hermano Junior, Portfolio Director do Informa Markets, durante o painel “5G acelerando a Indústria 4.0”.

Ari Lopes explicou que as redes privativas significam uma infraestrutura de telecomunicações dedicada para um cliente. Com isso, a companhia tem controle da produção, um ambiente mais seguro e a garantia de que não haverá variabilidade na rede.

Com o 5G, “o céu é o limite”, nas palavras de Lopes. “A empresa vai poder ter outros elementos, de fora da sua planta, também conectados em alta capacidade. Poderá ter uma informação em tempo real para todos os elementos da cadeia se programarem e verem como está a estabilidade de determinado setor”.

O que falta para chegar no futuro, como mencionaram os palestrantes, é descobrir quais são as melhores aplicações para cada necessidade.