Padronização da internet é coletiva e aberta, afirma Paolo Lucente no LACNIC 43

São Paulo, Brasil.– Paolo Lucente, engenheiro da NTT Data e participante ativo do IETF (Internet Engineering Task Force), destacou no LACNIC 43 a importância de processos abertos e colaborativos para a padronização de tecnologias que sustentam a internet global.

Em sua fala, Lucente explicou como protocolos de rede, como os que monitoram e organizam o tráfego de dados, são definidos e atualizados. Ele usou como exemplo o IPFIX, um padrão amplamente utilizado para coleta de dados em redes, cuja consolidação levou quase uma década. “Definir um único bit em um documento pode levar cinco páginas de justificativa e um ano de discussão. Mas isso evita erros e desperdícios enormes no futuro”, afirmou.

Lucente também abordou um embate atual: o avanço de soluções privadas e fechadas impulsionadas por grandes empresas, como o Google, que lançam tecnologias de telemetria fora do processo de padronização. “Fornecedores acabam implementando essas soluções sem questionar se elas foram discutidas com a comunidade técnica, e isso pode gerar dependências desnecessárias”, alertou.

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Como contraponto, ele destacou o desenvolvimento do YANG Push, uma alternativa aberta que vem sendo adotada por fabricantes como Cisco e Huawei. Segundo ele, essa abordagem permite maior flexibilidade e compatibilidade entre sistemas, ao seguir um modelo transparente de discussão e validação técnica.

Lucente reforçou que qualquer pessoa interessada pode participar do processo de padronização da internet, mesmo sem recursos financeiros ou presença física nas reuniões internacionais.

“Tudo é documentado e aberto. O que você precisa é tempo e interesse. A internet é um bem público, e sua estrutura técnica também deve ser construída de forma pública e participativa”, concluiu.