No dia 3 de junho foi comemorado o Dia do RH e, neste ano, a celebração da data chegou em meio a uma revolução na área que tem sido causada pela Inteligência Artificial (IA). De acordo com o estudo “Hidden workers: untapped talent”, feito pela Universidade de Harvard em parceria com a Accenture, 99% das 500 maiores empresas do mundo já usam sistemas de contratação baseados nas ferramentas desta categoria.
Para Adriano Almeida, cofundador, COO da Alura e responsável pela Alura Para Empresas, unidade de negócios da escola que apoia organizações com soluções de desenvolvimento de pessoas em tecnologia, o setor pode ser um dos mais beneficiados com a IA justamente porque é um dos segmentos que mais lida com dados. “É um recurso que facilita o dia a dia dos profissionais, organizando as suas atividades ligadas a um conjunto de informações, como os perfis dos funcionários, comportamento, skills e diretrizes para promoções”, diz.
Com essa vantagem, a área consegue automatizar processos seletivos, dedicando menos tempo a tarefas mecânicas e mais esforços a funções estratégicas. “Hoje, o grande desafio é buscar formas de expandir a IA para além da avaliação de currículos, com, por exemplo, a geração de insights para reter talentos e desenvolver carreiras dentro das companhias com programas de aprendizagem”, destaca o executivo.
Ferramentas de IA utilizadas pela área de RH
O RH é conhecido por ser um dos setores pioneiros na utilização da IA, principalmente pelo uso de plataformas de ATS (Applicant Tracking System) para gerenciar candidatos e otimizar o processo de recrutamento. Porém, alguns LMS (Learning Management System) e outras plataformas de desenvolvimento de pessoas também já oferecem recursos com a tecnologia; as ferramentas ajudam na personalização e organização de cursos e treinamentos online, sendo essencial para iniciativas de educação corporativa.
O próprio ChatGPT, que foi lançado em novembro de 2022 pela OpenAI e explodiu no mercado de trabalho, já tem se mostrado útil de diversas maneiras. Segundo Almeida, o chatbot é um grande aliado quando alimentado com as informações corretas. “Desde a criação de vagas até a indicação de quais competências e habilidades compõem o perfil ideal delas, bem como as trilhas necessárias para desenvolvê-las, a ferramenta está otimizando comunicações e tirando dúvidas cotidianas sobre os processos de gestão de pessoas, o que reduz muitos custos, tanto financeiros quanto de tempo”, afirma.
Considerações éticas sobre o uso da IA no RH
Como toda inovação, o uso da IA na área de RH também pede por algumas considerações éticas, especialmente aquelas relacionadas a normas como a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais) e legislações que abordam informações sensíveis dos colaboradores, como gênero, raça e religião. Nesse sentido, o time de People precisa garantir que não haja um vazamento indevido de informações na utilização da tecnologia.
Outra consideração que deve ser feita pelo setor nesse sentido é a preocupação com eventuais enviesamentos da base de dados, criando padrões de diversidade e inclusão. “As ferramentas desta categoria não podem reproduzir um viés discriminatório, seja no recrutamento e seleção, nas promoções ou em qualquer uma de suas atuações. Ou seja, elas requerem um acompanhamento de performance constante”, ressalta Almeida.
O executivo da Alura Para Empresas ainda reforça que esses pontos de atenção mostram que a IA também precisa da ação humana e de pessoas que entendam como a tecnologia pode ser usada de um modo adequado. “É um recurso que não veio para tirar empregos; pelo contrário, possui o potencial de intensificar talentos. Justamente por isso, o RH deve ser um dos principais segmentos a se desenvolver no tema, entendendo as suas implicações éticas e legais e criando soluções inovadoras”, finaliza.
Informações da ABES