Telecomunicações: a espinha dorsal da nova economia digital
Marcos Ferrari – Presidente-executivo da Conexis Brasil Digital
A economia global passa por uma transformação profunda. Inteligência artificial, internet das coisas (IoT), big data, plataformas digitais, veículos autônomos, agricultura de precisão e cidades inteligentes são expressões cada vez mais presentes no nosso cotidiano. E há um elemento comum que sustenta todas essas inovações: a conectividade. O setor de telecomunicações deixou de ser apenas um serviço de voz ou dados para se tornar a verdadeira espinha dorsal da nova economia digital. Essa constatação foi uma das grandes mensagens do Painel Telebrasil Summit 2025, em Brasília.
Autoridades, reguladores e líderes empresariais foram unânimes em reconhecer que o setor não pode mais ser tratado como há 20 anos, sob a lógica de uma regulação fragmentada e excessivamente prescritiva. Hoje, telecomunicações não representam mais um segmento isolado: é o sistema nervoso de toda a economia, base para a transformação de todos os demais setores produtivos e sociais.
A agricultura, a energia, a logística, os transportes, a saúde, a educação e até mesmo a administração pública dependem da conectividade para inovar, ganhar eficiência e atender melhor à sociedade. Cada novo salto tecnológico – como a expansão do 5G, a proliferação dos data centers e a evolução da Inteligência Artificial – amplia ainda mais esse impacto transversal. Não estamos falando de um setor de apoio, mas do alicerce que sustenta a digitalização do Brasil.
Diante disso, a regulação precisa se reinventar. O modelo herdado do início dos anos 2000, quando ainda falávamos de “telefonia” como serviço principal, não é mais adequado. É preciso caminhar para uma abordagem que incentive a inovação, preserve a concorrência e proteja o consumidor sem engessar o desenvolvimento tecnológico. Ou seja, uma regulação que dialogue com a realidade digital.
Outro ponto fundamental é a coordenação entre políticas públicas. A digitalização não pode ser pensada de forma fragmentada, em iniciativas isoladas de diferentes ministérios ou órgãos reguladores. O Brasil precisa de um plano nacional que una governo, agências e iniciativa privada em torno de uma agenda clara de conectividade e transformação digital. Estamos diante de uma mudança de era. A Inteligência Artificial e a hiperconectividade não representam apenas avanços incrementais, mas uma revolução estrutural em toda a economia e na sociedade.
Ignorar o papel central das telecomunicações nesse processo seria comprometer a competitividade do país, a inclusão social e até a soberania digital. É hora de reconhecer o setor como parte indissociável do ecossistema digital e integrá-lo às políticas de desenvolvimento, inovação e infraestrutura.
O futuro já chegou, e ele é digital. Para que o Brasil esteja preparado, é fundamental que a espinha dorsal da nova economia – as telecomunicações – seja tratada como o que de fato é: a base da transformação de todos os demais setores produtivos e sociais.
