2024: o ano dos processadores e da IA

Jorge F. Negrete P.

O ano de 2024 será lembrado como o ano dos processadores e da inteligência artificial (IA). Por trás disso, há uma história de poder político, econômico e liderança global que impacta todas as áreas de nossa sociedade de maneira silenciosa, discreta, mas contundente. 

A ferramenta? O mercado, a legislação, a regulação e as políticas públicas.

Processadores. Não há inteligência artificial, poder político, econômico ou sociedade digital sem processadores de computação (chips).

A Nvidia teve um 2024 insólito, consolidando-se como líder no campo da tecnologia que torna viável a inteligência artificial e o computação extrema. A Nvidia teve um aumento no valor de suas ações, superando em alguns momentos o Google, Apple, Microsoft e tornando-se a empresa mais valiosa do mundo na Bolsa.

A TSMC, Taiwan Semiconductor Manufacturing Company, teve um 2024 único em sua história, consolidando-se como o maior fabricante de chips do mundo. Liderou a tecnologia de 3 nanômetros (nm), que representa a vanguarda na fabricação de semicondutores, mais pequenos, potentes e eficientes em energia, no mercado de chips para aplicações como inteligência artificial e dispositivos móveis de última geração.

A AMD teve um 2024 muito bem-sucedido, consolidando-se como um forte competidor no mercado de CPUs, GPUs e alcançando um recorde de 33,9% do mercado de servidores durante o terceiro trimestre de 2024.

A Mediatek desenvolveu chips de 3 nm e liderou o Wi-Fi 7, o que lhe permite competir no mercado de alta gama e expandir-se para novos mercados, como o automotivo.

A Qualcomm manteve sua liderança no mercado de processadores para dispositivos móveis. Focou na inteligência artificial e expandiu para novos mercados, como PCs e automóveis. É uma empresa sólida que inova e se adapta ao mercado.

Finalmente, um duro golpe para a Intel, nada a dizer sobre essa empresa que admiro e quero. Termina o ano pressionada pelo mercado, pela inovação e pela Bolsa. Pat Gelsinger se retira da presidência.

Por outro lado, as rigorosas medidas de segurança e restrição dos Estados Unidos em relação à China trouxeram problemas de receita para as mesmas empresas americanas de processadores. Qual foi a resposta? Uma voracidade de investimentos chineses na empresa Semiconductor Manufacturing International Corporation (SMIC).

Esta empresa se tornou, pela primeira vez, o terceiro maior fabricante de chips no mundo e obteve 82% de seus ingressos na China, o que documenta sua dependência local. A SMIC enfrenta a possibilidade de perder o acesso à maquinaria de fabricação de chips desenvolvida pela monopolista holandesa ASML.

Os EUA conseguiram trazer para seu território 3 fábricas de chips da Samsung, Intel e TSMC, que antes estavam localizadas na Ásia.

Regulação da IA. Em agosto de 2024, entrou em vigor o Regulamento Europeu de Inteligência Artificial, que tem como objetivo promover o desenvolvimento e a implantação responsável da IA. Na América Latina, o Senado do Brasil sancionou em 10 de dezembro um projeto de lei para regular a Inteligência Artificial. O Chile lançou a Política Nacional de IA, bem como uma proposta de lei sobre o tema. Todos os projetos surgem com um debate sobre a conveniência, ou não, dessa regulação, seu impacto na competitividade, inovação e na geração de empregos.

México e a América Latina precisam estruturar um discurso sólido baseado na neutralidade tecnológica e nas capacidades de atrair investimentos na indústria de processadores, Data Centers, pesquisa em IA, conectividade e transformação digital. Isso não será nem rápido nem fácil, se a resposta seguir a lógica europeia de atacar a indústria digital, regulá-la de forma prematura e intrusiva, e depois exigir investimentos, pesquisa e desenvolvimento tecnológico.

O mundo digital está cercado por um muro de medo, desconfiança e ignorância que se pretende apagar com uma legislação precoce.

Esta coluna, observadora do mundo digital e suas capacidades, se despede até a segunda semana de 2025 e convida a todos a ler o livro do Dr. Carlos M. Jarque e de minha autoria, Mundo Digital. Feliz Natal e próspero ano novo.

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