O dinamismo do mundo digital exige aprendizagem de curtíssima duração e focada na prática para acompanhar as constantes atualizações. Programa é do Inatel em parceria com a Huawei.
As discussões sobre as habilidades digitais na América Latina e Caribe durante o LAC ICT Talent Summit 2023, destacou a necessidade de uma abordagem ampla e transversal para fechar as lacunas existentes. “A crise no sistema escolar é uma ressonância da sociedade”, observou Monica Retamal, CEO da Fundação Kodea, no Chile.
Para ela, a complexidade da situação atual, marcada por mudanças nas dinâmicas de trabalho cada vez mais autônomas, evidenciam a urgência de reformas abrangentes. “Hoje uma pessoa pode estudar seis meses em um bootcamp e ter um salário melhor do que alguém que tem uma formação universitária”. E não só um salário melhor, como também um preparo melhor.
A exemplo disso, Carlos Nazareth Motta Marins, diretor do Inatel (Instituto Nacional de Telecomunicações), propõe uma mudança fundamental na abordagem educacional, destacando a necessidade de parcerias entre universidades e empresas.
Sua experiência bem-sucedida no Brasil, com a “Fábrica de Talentos” em parceria com a Huawei desde 2017, demonstra a eficácia de programas práticos que preparam os alunos para o mercado de trabalho de maneira mais rápida e eficiente.
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Coordenado pelo Competence & Innovation Development Center (CIDC), centro inaugurado pelo Inatel e a Huawei do Brasil, o curso prepara engenheiros em três meses na área de telecomunicações e depois, em mais três meses, já os inclui no campo de trabalho, para implementar redes de comunicações em todo o país.

“O que leva dois anos normalmente, agora forma um profissional diferente em menos tempo, porque ele tem a oportunidade de aprender o processo de maneira prática e começar a exercer a profissão com uma experiência similar à daqueles que já estão há cinco anos no mercado. E isso é algo que pode ser replicado por todo o mundo”, avaliou.
Para Carlos Nazareth então, o desafio não é das empresas, muito menos da tecnologia, estes são campos abertos. O problema é o engessamento das universidades e do ensino em si. “Temos que mudar”, enfatizou.
Corroborou com sua fala, Eugênio Severin, da ONG Tu Clase, Tu País, do Chile. Severin ressaltou que há 35 anos o setor educacional discute como transformar a experiência de aprendizagem, esperando que a tecnologia transforme a educação, quando esta é apenas uma ferramenta.
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“Temos uma longa história de tentativas e não podemos seguir repetindo o mesmo manual achando que a tecnologia vai nos transformar, temos que nos transformar internamente”, disse.
Para tanto, ele sugere estimular a educação de todos os estudantes com a implementação real de tecnologias e usá-las como ferramentas para tornar isso possível, considerando as desigualdades de cada país. Neste aspecto, Severin ressalta que a união de esforços entre o setor público e privado para obter investimentos de várias fontes, é o ideal, o necessário.
“A crise que estamos vivendo hoje não é simples, é um momento muito crítico, não há forma de passarmos por essa crise se não for pela educação, temos que nos comprometer com ela”, concluiu.