Todo o ecossistema de Telecom deve apoiar a transformação digital: Daniel Hajj

Em entrevista à DPL News, o CEO da América Móvil afirmou que, para alcançar um maior crescimento econômico e melhorar os indicadores sociais, a infraestrutura digital é uma aliada fundamental. No entanto, o atual modelo de financiamento das redes não é sustentável, razão pela qual apontou a necessidade de melhorias regulatórias e esquemas flexíveis nos quais os grandes geradores de tráfego contribuam para o investimento.

Barcelona. A infraestrutura digital é um instrumento de desenvolvimento para impulsionar a produtividade em indústrias, aumentar o comércio eletrônico, serviços turísticos mais eficientes, transporte inteligente e agricultura sustentável. 

O investimento para desenvolver essa infraestrutura requer políticas industriais do Estado que permitam e incentivem esse desdobramento, regulamentações que garantam a segurança do investimento, que permitam serviços convergentes e também a contribuição das big tech (o que se chama de contribuição justa). Daniel Hajj, diretor geral da América Móvil, analisa assim o panorama do setor de telecomunicações na região latino-americana.

No âmbito do Mobile World Congress (MWC), a DPL News falou exclusivamente com o executivo, que afirmou que o contexto atual da indústria de telecomunicações exige eficiência operacional e inteligência nas decisões financeiras e de gestão de ativos.

Ele acrescentou que a regulamentação deve promover o investimento e a concorrência, pois “todos os serviços devem poder ser oferecidos nas redes, impulsionando a convergência. Não se deve frear os serviços e receitas potenciais”.

Ele enfatizou que “a regulamentação deve permitir a prestação de todos os serviços convergentes possíveis em benefício da maximização do bem-estar da população. A regulamentação obsoleta olha para trás e não permite a prestação de serviços convergentes, como é o caso do México. Essa medida deve ser eliminada em benefício do usuário e de seu direito de receber uma maior diversidade de serviços”.

Um desafio relevante em discussão na feira de Barcelona é a sustentabilidade dos investimentos em infraestrutura.

Sobre este ponto, Hajj afirmou: “devemos fazer com que os beneficiários das redes contribuam para sua expansão. São necessários novos esquemas que envolvam todos os interessados. O modelo atual de financiamento das redes de infraestrutura não é sustentável, portanto, devem ser criados esquemas flexíveis para que todos os participantes do ecossistema digital contribuam de forma equitativa para o desdobramento da infraestrutura. As big tech, que são as grandes geradoras de tráfego, devem estar envolvidas nesse modelo”.

Recentemente, as principais operadoras de telecomunicações da região se uniram para definir sua posição sobre o fair share e pediram aos governos que promovam a contribuição das grandes empresas de tráfego na Internet para o desenvolvimento das redes.

Para Hajj, é necessária uma política regulatória de longo prazo que conceda a segurança jurídica necessária que os investimentos exigem. Um elemento relevante neste ponto é o preço do espectro: “preços altos significam uma barreira que impede o fortalecimento das redes de telecomunicações”.

“Uma prática necessária é avaliar e ajustar os custos do espectro à realidade internacional. Os altos custos geram grande incerteza jurídica e falta de transparência e previsibilidade em relação ao principal insumo para a prestação de serviços de telecomunicações móveis. Altos preços limitam o investimento, a qualidade do serviço e o uso de novas tecnologias”.

Olhando para os novos governos que se instalarão na região, ele mencionou que é importante uma política de Estado que elimine as barreiras ao desdobramento da infraestrutura, dada a quantidade de antenas que o 5G exigirá

“A América Latina precisa de um maior crescimento econômico e da melhoria dos indicadores sociais; a infraestrutura digital é uma aliada fundamental para esses objetivos. Por isso, é necessário impulsionar o investimento. A chave é o investimento. Os governos entrantes devem valorizar isso e executar políticas públicas para a inovação e o investimento”, disse.

O investimento em redes “é para promover o uso de tecnologia digital em todos os níveis educacionais”. Além disso, é necessário “impulsionar as habilidades digitais da sociedade. Também é necessária uma política fiscal inteligente para proteger as cadeias de valor e facilitar a importação de equipamentos e dispositivos”.

A colaboração como pilar para a conectividade universal da América Latina

Além do esforço de investimento, a América Móvil trabalha para expandir a cobertura da rede e disponibilizar aos seus clientes as tecnologias mais avançadas. Mas para alcançar a conectividade plena, “a colaboração entre todos os atores é fundamental”, enfatizou Daniel Hajj.

“A digitalização não deve ser apenas nas telecomunicações. Deve ser na forma de vida das pessoas e nas atividades das empresas. Trabalhando juntos todos os atores na região (governos, empresas e sociedade) podemos alcançar uma América Latina conectada”.

Hajj reiterou a necessidade de abordar a lacuna de adoção, já que 90 por cento das pessoas não conectadas vivem onde há serviços. Quais são as possíveis soluções? Hajj propôs oferecer dispositivos a preços acessíveis, alocar recursos para o pagamento do serviço por meio de recursos fiscais e gerar conteúdos digitais relevantes.

Integração da IA

Quanto às novas tendências tecnológicas, a América Móvil permanece na vanguarda. Conforme confirmado por seu CEO, a empresa já integrou uma equipe de alto nível para aproveitar as oportunidades oferecidas pela Inteligência Artificial (IA) em diferentes unidades de negócios. 

Atualmente, já a utiliza para fornecer um serviço mais ágil e reduzir custos operacionais no atendimento ao cliente; para personalização de serviços; otimização de redes melhorando a qualidade do serviço; na previsão de demanda para planejar a alocação de recursos; em publicidade e marketing para personalização de campanhas; em análise de dados e no desenvolvimento de novos produtos.

“Ao integrar a IA, melhoramos a competitividade e a capacidade de oferecer o melhor serviço adaptado às demandas cambiantes do mercado e personalizando nossa oferta. Tudo isso se traduz em satisfação do cliente”, explicou.

Desafios da América Móvil para 2024

Daniel Hajj enumerou os desafios e metas que o principal operador da América Latina tem para 2024:

  • Continuar melhorando a satisfação do cliente e ser a marca preferida nos mercados onde opera.
  • Aumentar a base de clientes e as receitas médias por usuário (ARPU).
  • Expandir para mercados adjacentes, como a nova TV e o B2B;
  • Apoiar casas, edifícios e cidades inteligentes;
  • Continuar avançando com serviços de Internet das Coisas (IoT);
  • Aproveitar a evolução tecnológica e manter a rede na vanguarda;
  • Continuar expandindo a cobertura de 5G;
  • Parcerias com desenvolvedores de todos os tamanhos;
  • Continuar com a transformação digital;

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