O compartilhamento de infraestrutura entre as operadoras de telecomunicações não é novidade, mas, com o 5G, as teles vão intensificar esse tipo de cooperação. Essa é a visão de Paulo Humberto Gouvêa, diretor de Soluções Corporativas da TIM Brasil.
Durante o evento Inovatic nesta segunda-feira, 25, o executivo explicou que um grande diferencial da quinta geração da rede móvel é que, vendo a competição aumentar nos serviços, as operadoras vão compartilhar mais as infraestruturas.
“Nem a Claro, nem a TIM, nem a Vivo vão fazer isso [implantar o 5G] sozinhas, elas vão trabalhar com compartilhamento porque a gente tá falando de altas frequências, onde o número de estação rádio base será maior para cobrir a mesma área que usando o 700 MHz”, comentou Gouvêa.
Data center x Cloud
Os palestrantes abordaram a importância dos data centers e a proximidade deles com os negócios para diminuir a latência. “Quando eu falo de empresas que o negócio core tem a ver com nuvem, como as operadoras de telecomunicações ou como as empresas que provêem o serviço de nuvem, a quantidade de data centers vai aumentar”, afirmou Marcelo Morais, diretor de Parcerias da Huawei Cloud Brasil.
A Huawei Cloud, por exemplo, é a empresa que mais tem centro de dados na América Latina. “A gente quer estar próximo, reduzir a latência e melhorar a experiência no que diz respeito à nuvem”, completou.
Mas, em relação aos outros segmentos, a tendência é diminuir a quantidade de data centers. Isso porque parte da demanda está migrando para a nuvem pública, já que o recurso habilita o processamento de informações que só é possível com um “poder computacional absurdo”, segundo Morais.
“Não tem como a gente pensar que uma empresa do segmento privado, que não seja desse segmento, tenha condições de investir em segurança, disponibilidade e conectividade da forma que os provedores mundiais investem”, finalizou.
Neutralidade da rede
Por fim, os painelistas debateram se o fatiamento de rede do 5G, em que alguns dados são priorizados, desafia a neutralidade da rede determinada no Marco Civil da Internet.
Para Gouvêa, aplicações de missão crítica que colocam em risco a vida humana devem ser trabalhadas com “redes privadas”. Ele acredita que a legislação deve ser analisada para se adequar à realidade das demandas.
Já Cristiano Moreira, gerente de Produto da Embratel, acredita que o conceito não será violado. “Se eu tenho dois assinantes com o pacote de 100 Mbps, eles não podem ter diferença entre eles. O que a gente está criando agora são outros pilares de qualidade: além da velocidade, estamos falando de latência, continuidade, adensamento e afins. Mas ainda sobre o conceito de neutralidade”, afirmou.
Ele explica que, se um assinante compra um serviço a 100 Mbps e a 30 Ms de latência, e outra pessoa faz a mesma coisa no mesmo local, ambos devem ter a mesma característica neutra da rede. “Slicing não tira a neutralidade, ela cria serviços novos”, completou.