Preço alto pelo compartilhamento de postes inviabiliza serviços de telecom

Um relatório recente do BTG Pactual abordou o debate sobre compartilhamento de postes entre distribuidoras de energia e prestadoras de telecomunicações. 

Para as empresas de telecomunicações, a ação é indispensável, pois utilizar os postes é a forma mais viável economicamente de chegar aos consumidores. Mas, para as concessionárias de energia, o montante recebido pelos pontos de fixação nos postes representa apenas 2,1% da receita anual total.

“Há 45 milhões de postes no Brasil. Se assumirmos que são 5 operadoras por poste – número máximo permitido – e que o preço por conexão é de R$ 4,77 por mês (o preço de referência atual é de R$ 3,19, mas uma nova resolução deve aprovar um aumento para R$ 4,77), concluímos que a receita de compartilhamento de postes para distribuidoras é de R$ 12,9 bilhões por ano”, explicam os analistas. Sendo que, deste valor, 60% é destinado para baratear as tarifas de energia dos consumidores.

As concessionárias embolsam aproximadamente R$ 5,2 bilhões por ano, o equivalente a 2,1% da receita.

Isso é um problema na medida em que as distribuidoras estão em uma posição favorável para cobrar preços altos para dar acesso aos seus postes. No entanto, um preço muito alto inviabilizaria os serviços de telecomunicações, diz o documento, acrescentando que um estudo da Claro indica que o valor pelos pontos de fixação deveria ser de R$ 1,11.

Consulta pública

Atualmente, está em consulta pública na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) uma proposta para atualizar as regras de compartilhamento de postes. 

Além de aumentar o preço do ponto de fixação de R$ 3,19 para R$ 4,77, o projeto  prevê que as distribuidoras façam um levantamento dos postes que precisam ser regularizados e, na sequência, as operadoras devem adequar as estruturas indicadas – medida que desagrada o setor de telecomunicações.

Rede neutra pode ser solução para compartilhamento de postes

O relatório também mostra que São Paulo, Santa Catarina e Paraná são alguns estados que estão sofrendo com a escassez de postes. Com a explosão do número de prestadoras de serviços de telecomunicações, cada vez mais empresas competem pelas estruturas

A Unifique, por exemplo, que atua no Sul do país, até adquiriu um provedor de Internet com 8 mil clientes para garantir o direito de passagem que a empresa tinha na região. 

Uma alternativa para solucionar esse problema são as redes neutras, por meio das quais as empresas de telecomunicações compartilham a estrutura. Segundo o banco, esse modelo “reduz os riscos de implantação de rede dos provedores de telecomunicações, diminui o tempo para entrar no mercado e otimiza o uso de capital”.

Outra possibilidade seria construir redes subterrâneas, o que melhoraria o problema de poluição visual nas cidades e sofreria menos danos causados ​​por raios, ventos fortes e chuva, por exemplo. Entretanto, o preço é exorbitante e exige um processo altamente burocrático, já que necessita quebrar parte da calçada. “De acordo com o vice-presidente da Enel, uma rede subterrânea custa em média R$ 5 milhões por km”, diz o documento.

Essa é uma questão que tende a se aprofundar, de acordo com o BTG, pois a penetração da banda larga no Brasil, que hoje é de aproximadamente 60%, está se ampliando. “Estimamos que até 2025 esse número chegará a 75% até 2025 e 85% até 2030”.