Furukawa defende política industrial clara para o Brasil e critica dumping de fibra óptica
Alexânia, Goiás-. O CEO da Furukawa Eletric LatAm, Foad Shaikhzadeh, criticou duramente o dumping de fibra óptica no Brasil em coletiva de imprensa durante o Furukawa Summit 2024.
Há um ano e meio, a fabricante de cabos ópticos e a Prysmian entraram com um processo contra os preços praticados pelas fabricantes chinesas. Processo este que está parado “por questões técnicas” e que ameaça um possível fechamento da fábrica da Prysmian, em Sorocaba, São Paulo.
Citando números, o executivo expôs que dos quase 700 mil quilômetros de capacidade de produção mundial de cabo de fibra, a China, sozinha, produz cerca de 400 mil. O CEO relembrou que a Europa foi a primeira a começar com o processo de dumping contra a China que também por embargos ao 5G, viu seu acesso de mercado despencar.
Neste sentido, Shaikhzadeh defendeu a implementação de uma política industrial clara e robusta para o setor de telecomunicações, em favor do mercado brasileiro. Fazendo um adendo, afirmou que a Furukawa, apesar de ser uma empresa global, está comprometida com o Brasil e com o desenvolvimento da indústria nacional de telecomunicações.
“O Brasil precisa de uma política industrial que defenda a produção local e incentive a inovação. Não podemos permitir que o dumping destrua a indústria nacional e coloque em risco o futuro do país”, enfatizou.
Sobre o recente fechamento da fábrica da Corning no Brasil em abril, dispensando mais de mil funcionários, ele também atribuiu à opressão do mercado chinês – embora a Corning não fabricasse fibra e fosse mais focada em displays no país.
Leia também: Banda larga por fibra óptica cresce 25% na América Latina
Um outro aspecto destacado pelo CEO, foi a importância da Lei de Informática e do Programa Brasileiro de Petróleo e Gás Natural (PPB) para o desenvolvimento da indústria nacional, defendendo a manutenção e o aprimoramento desses programas, que proporcionam benefícios fiscais e incentivos à pesquisa e desenvolvimento (P&D).
“Esses programas precisam ser mantidos e aprimorados para que o Brasil continue a ser um player importante nesse mercado”, disse. Shaikhzadeh também abordou outros temas como a expansão internacional da Furukawa e o prejuízo em torno de 30% no último ano fiscal, fato inédito para a empresa em 20 anos.
O faturamento global do grupo em 2022 foi de R$ 7 bilhões, enquanto as operações no Brasil foram de R$300 milhões. A maior participação é do grupo de comunicação da Furukawa, rendendo R$ 1 milhão.