Brasil e Espanha sustentam classificação BBB da Telefônica na Fitch

A Fitch Ratings confirmou o rating de longo prazo da Telefônica em “BBB”, com perspectiva estável, um nível acima do considerado grau especulativo. Segundo a agência de classificação, isso reflete sua forte posição nos mercados doméstico e internacional onde atua, além das expectativas positivas quanto à contínua geração de fluxo de caixa e ao processo de redução da dívida em andamento.

“O grupo está aumentando gradualmente seu rating de médio prazo, graças à melhora na geração orgânica de fluxo de caixa livre (FCF) e na receita de vendas. A consolidação em regiões-chave está melhorando a estrutura de mercado, reduzindo assim os riscos para a geração de FCF do grupo no médio prazo”, afirmou a Fitch em comunicado.

No geral, a agência de classificação destaca que a Telefônica España (TE) é fundamental para o FCF do grupo (estimado em 44%) devido ao seu forte posicionamento no mercado espanhol de telecomunicações. Nesse mercado, a consolidação e um contrato de longo prazo com a DIGI reduzem os riscos.

Além disso, o rating também reconhece a liderança da Telefônica no mercado brasileiro de telefonia móvel (39% de participação de mercado), com crescimento impulsionado pela expansão de fibra óptica, clientes pós-pagos e produtos digitais. A Fitch alerta, no entanto, que a desvalorização do real pode impactar as métricas financeiras.

O rating também considera o impacto negativo da perda de um importante contrato de atacado de telefonia móvel com a Mobilfuk GmbH, que pode resultar na perda de aproximadamente 10.000 clientes de atacado e em uma redução no EBITDA de € 250 milhões a € 300 milhões em comparação com 2024. No entanto, a Fitch também acredita que esse impacto pode ser gerenciado com redução de CAPEX e otimização de custos.

Por outro lado, o rating da Fitch também considera o desinvestimento da Telefônica em suas subsidiárias latino-americanas, após o acordo para vendê-las na Argentina, Peru, Uruguai, Equador e Colômbia. Segundo a agência de classificação de risco, a venda dessas subsidiárias reduziria pela metade a contribuição da Hispam para o fluxo de caixa livre (FCF) operacional do grupo, para aproximadamente 6% até 2026. Além disso, a Fitch explica que o Brasil, juntamente com o restante de suas operações na região (México e Chile), ainda terá um impacto significativo no FCF do grupo (40%).

No caso da dívida, cuja redução tem sido um dos objetivos prioritários da empresa há pelo menos cinco anos, a Fitch estima que a alavancagem líquida sobre o EBITDA melhorará gradualmente para aproximadamente 2,8 vezes nos próximos três a quatro anos, de aproximadamente 3,0 vezes até 2025.

“Embora a lucratividade esteja atualmente relativamente fraca em comparação com seus pares, esperamos uma melhora gradual no FCF com redução do investimento em capital e um aumento na margem EBITDA, parcialmente atribuível à reorganização do portfólio, mas também à contínua otimização de custos”, observa a agência.