A discussão do fair share – a partilha de custos das operadoras de telecomunicações com as big techs – não deve ser vista como um embate entre os dois setores, segundo Abraão Balbino, Superintendente Executivo da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Para ele, a questão é “como manter o nível de inovação que existe no ecossistema digital de forma sustentável”.
“A gente não pode criar mocinhos e bandidos nesse processo, e eu acho que essa é uma visão que o regulador traz muitas vezes. Acredito que existe uma simbiose nesse processo”, comentou Balbino no evento Pós-MWC Barcelona, da Futurecom.
Ele usou o exemplo do Facebook, que saiu do modelo web para mobile graças ao nível das redes que permitiu que a banda larga móvel e o WiFi estivessem disponíveis. E essa foi uma mudança significativa internamente.
“Acho que a pergunta é: como esse ecossistema se mantém sustentável para que continue surgindo inovações no nível da rede que habilitem inovações do nível das aplicações?”, afirmou Balbino.
A Anatel lançou uma tomada de subsídios recentemente sobre a regulamentação de deveres dos grandes usuários. O documento tem 28 perguntas para entender, com o apoio do mercado, da academia e outros atores, se existem problemas, identificá-los e saber qual é a natureza deles.
“Quando a gente fala em fair share a gente precisa pensar em como as teles precisam ter um ambiente regulatório mais favorável possível para continuar investindo, desenvolvendo os negócios e, ao mesmo tempo, com todo o ecossistema se beneficiando disso. É nessa perspectiva que a Anatel vai analisar”, concluiu.