Entidades e operadoras telecom divergem sobre RUE

Claro argumentou que regulamentações atuais já atendem ao uso de espectro, GSMA salientou que tráfego de dados demandam mais espectro

Em manifestação durante audiência pública sobre a revisão do Regulamento de Uso de Espectro (RUE), promovido pela Anatel, ontem, 21, no Ceará, operadoras e entidades do setor de telecomunicações divergiram sobre as propostas da agência. 

As premissas de revisão do RUE são a incorporação das regras de modelo de gestão do espectro; consolidação normativa; atualização das regras para o mercado de espectro; revisão das regras para autorização em caráter secundário em faixas já autorizadas em caráter primário e aprimoramento das regras sobre coordenação.

A Claro expressou preocupação com possíveis alterações regulatórias que possam afetar os direitos adquiridos pelas operadoras e defendeu sua posição de que as regras atuais já são adequadas e não requerem alterações significativas.

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“É preciso respeitar as regras e expectativas dos editais, nos quais a Anatel criou mecanismos para um melhor aproveitamento dos blocos, e foram definidas regras e determinações previamente conhecidas. Em vista disso, alterações regulamentares que impliquem na perda de direito concedido geram incertezas e insegurança jurídica”, comentou o representante da operadora.

Para endossar seu argumento de que não há demanda por espectro, a Claro citou o caso da faixa de 700 MHz, recém devolvida pela Winity, considerada a principal frequência para o 4G e com alcance de propagação abrangente. 

O representante da operadora mencionou o fato de que no chamamento público para pequenos provedores em praticamente todos os municípios do Brasil – remédio estabelecido pela Anatel ante ao acordo de aluguel de parte do espectro para a Vivo – não houve um único interessado sequer pela frequência.

Uso secundário de espectro

GSMA, representada por Luiz Felippe Zoghbi, diretor de engajamento de espectro da entidade e o qual mencionou a necessidade de disponibilidade de mais espectro em garantia à qualidade do serviço para as redes móveis e às áreas rurais, também reforçando a posição da GSMA em favor do uso secundário do espectro.

“Defendemos um ambiente regulatório que favoreça as partes interessadas a explorarem oportunidades e negociarem acordos livremente, com o envolvimento da autoridade reguladora na forma de orientação de mercado e apoio às negociações comerciais, dando aos participantes a liberdade de celebrarem acordos entre si garantindo a utilização eficiente desse bem tão escasso”, declarou Zoghbi. 

Destaca-se que, conforme a proposta submetida para a consulta pública, a autorização de uso em caráter secundário é de cinco anos. A reguladora pode conceder o uso pelo período de 60 meses, caso o detentor da autorização primária não indique o prazo para o início de suas operações.

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De forma mais branda, a Oi apenas enfatizou a importância de regras atualizadas compatíveis com as tecnologias atuais e vindouras como o 6G. A associação NEO, forte opositora do acordo entre Winity e Vivo à época da tratativa, também apoiou a Anatel e seus esforços em aprimorar seu sistema regulatório.

A tomada de subsídios segue aberta e as contribuições sobre a proposta podem ser enviadas pelo sistema Participa até 11 de março. A Anatel ressalta que a revisão tem como finalidade criar novas mecânicas para o acesso ao espectro e aprimorar as já existentes, no que espera resultar em planejamento do uso do espectro de forma colaborativa.

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