Acesso à tecnologia, capacitação e indústria são três abismos no Brasil: Deloitte

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São Paulo, Brasil.- O abismo digital que existe hoje no Brasil não é apenas a falta de acesso à tecnologia ou à conectividade. Para Marcia Ogawa, sócia da Deloitte Brasil, o país sofre com mais dois tipos de lacunas: não saber usar as tecnologias para atividades de trabalho e não ter habilidades para construir tecnologias.

Ogawa falou durante o painel “Acesso à tecnologia: caminhos para a construção de pontes de inclusão sobre o abismo digital”, na Futurecom 2022. Segundo a executiva, o Brasil sofre com a falta de acesso à tecnologia e a dispositivos, que estão concentrados nas classes mais altas e nas zonas urbanas.

A falta de conectividade em algumas áreas no país também é um tipo de barreira, mas o Brasil já está trabalhando para superar, por exemplo, com as obrigações de cobertura do leilão do 5G.

O segundo abismo é que grande parte da população não tem base educacional para usar a tecnologia como profissão, apesar da grande demanda por esses profissionais. “As novas profissões vão exigir skills que a população não tem e as habilidades que temos não serão mais necessárias no futuro. Esse é um gap enorme pra nova economia”, afirmou.

Ainda nessa questão, ela ressaltou que a educação básica precisa ser melhorada para as crianças e jovens desenvolverem pensamento crítico e lógico.

O último abismo mencionado por Ogawa é a falta de habilidades no Brasil para construir tecnologias. “A incorporação de tecnologias na nossa matriz de produtos vai melhorar a nossa economia e a renda per capita, porque os produtos vão ficar mais completos”, argumentou. Ela defendeu que o país precisa se aprofundar no desenvolvimento de tecnologias core.

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Algumas das possibilidades mencionadas pelos palestrantes para superar esses pontos são melhorar a coordenação de políticas industriais, de desenvolvimento econômico e de educação; trabalhar parcerias público-privadas; e as iniciativas das empresas.

A Huawei, por exemplo, possui alguns programas para capacitar jovens e adultos na área de tecnologia. O 5G Truck é uma dessas atividades, que já percorreu algumas cidades no país levando treinamentos teóricos e práticos sobre usos do 5G.

Também participaram do painel Atílio Rulli, Vice-presidente de Relações Públicas da Huawei América Latina e Caribe; Felipe Garcia, Head de Marketing da Nokia; Vinicius Dalben, vice-presidente da Ericsson; e Thays Freitas, editora da Rádio Bandeirantes.