Estados Unidos e a UE assinam acordo comercial que reduz tarifas e garante acesso a energia e chips

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Após meses de negociações e ameaças de retaliação, os Estados Unidos e a União Europeia (UE) anunciaram um acordo comercial abrangente, que abrange 44% do PIB global e impacta 800 milhões de pessoas. Para a União Europeia, isso representa “estabilidade e previsibilidade”, enquanto os Estados Unidos observam que o acordo “reequilibra a relação econômica” entre os dois parceiros.

A base do acordo é uma tarifa padronizada de 15%, aplicável à maioria dos setores, incluindo automóveis, semicondutores e produtos farmacêuticos. Segundo a UE, essa tarifa unificada proporciona maior clareza e estabilidade para empresas de ambos os lados do Atlântico. Além disso, o acordo inclui tarifas “zero por zero” sobre produtos estratégicos, como peças de aeronaves, certos produtos químicos, equipamentos semicondutores e produtos agrícolas específicos.

No entanto, a Casa Branca também esclareceu que as tarifas setoriais sobre aço, alumínio e cobre permanecerão inalteradas: a UE continuará a pagar uma tarifa de 50% e as partes discutirão a segurança das cadeias de suprimentos desses produtos.

Os Estados Unidos e a União Europeia estavam em um debate aberto após o presidente americano, Donald Trump, anunciar sua política tarifária em abril passado, que incluía uma tarifa “recíproca” de 20% contra a organização europeia. Trump havia ameaçado impor uma tarifa de 30% contra a UE caso as negociações para um acordo comercial fracassassem. A União Europeia respondeu que imporia tarifas retaliatórias sobre US$ 100 bilhões em produtos americanos.

“Hoje, com este acordo, estamos criando mais previsibilidade para nossos negócios. Nestes tempos turbulentos, isso é necessário para que nossas empresas possam planejar e investir. Estamos garantindo alívio tarifário imediato. Isso terá um impacto claro nos resultados de nossas empresas. E com este acordo, estamos garantindo acesso ao nosso maior mercado de exportação”, disse a presidente da UE, Ursula von der Leyen.

Além disso, o acordo inclui compromissos substanciais da UE, como US$ 750 bilhões em compras de energia dos Estados Unidos até 2028, com o objetivo de reduzir a dependência da Europa de fontes de energia russas. A UE também prometeu US$ 600 bilhões em novos investimentos nos Estados Unidos, expandindo significativamente seu investimento anual atual de US$ 100 bilhões.

As principais características do acordo incluem:

  • Eliminação das tarifas da UE sobre produtos industriais dos EUA.
  • Requisitos simplificados para exportações agrícolas dos EUA, especialmente nos setores de carne suína e laticínios.
  • Eliminação de barreiras comerciais digitais (a UE não adotará nem manterá taxas de uso de rede) e manutenção da isenção de impostos alfandegários para transmissões eletrônicas.
  • Cooperação reforçada em segurança econômica, incluindo resiliência e inovação na cadeia de suprimentos.
  • Compras significativas de equipamentos militares dos EUA pela UE.

“O anúncio de hoje abre o acesso histórico ao mercado da segunda maior economia do mundo, restaurando o relacionamento forte e positivo de longo prazo entre os Estados Unidos e seu principal aliado, a União Europeia”, afirmou a Casa Branca em um comunicado.

O acordo também aborda outras barreiras não tarifárias que afetam o comércio de alimentos e produtos agrícolas e estabelece regras de origem rígidas para garantir que os benefícios sejam distribuídos diretamente entre as duas partes e não entre terceiros países.