5G é bom para os consumidores, mas é melhor para as indústrias: Mats Granryd

Barcelona.- Dadas as novas características das redes 5G, como menor latência e maior capacidade para milhões de dispositivos por área, Mats Granryd, diretor da GSMA, afirmou que embora “o 5G seja bom para os consumidores, é melhor para as indústrias”, onde pode trazer múltiplos benefícios para a produtividade.

Em entrevista a DPL News, Granryd garantiu que a indústria está pronta para atender aos novos casos de uso das verticais que demandam novas soluções de produtividade.

“A indústria é extraordinariamente inovadora, estamos muito acostumados com mudanças, imaginamos o futuro e investimos nele. Mas é difícil, não é fácil, sabemos disso porque já fizemos isso muitas vezes”, acrescentou.

O interesse das indústrias se reflete na presença no Mobile World Congress (MWC) em Barcelona, ​​​​onde mais de 50% dos mais de 80 mil participantes vieram de fora do segmento móvel. Mas isso requer um novo “quadro mental”, pois além de emitir SIMs, requer parcerias entre várias partes. E mesmo que isso leve mais tempo, quando for alcançado, será bom para a sociedade, segundo o gestor.

Diante dos processos de digitalização do mundo e do surgimento do metaverso ou Web 3.0, Granryd destacou que a indústria não pode permanecer passiva apenas fornecendo conectividade. “Queremos ser mais, temos muitas credenciais nas nossas redes: slicing, Edge, energia. Se ligarmos os Edges de todos os operadores e o seu poder computacional, temos o Earth Computing”, acrescentou.

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Para aproveitar esta oportunidade, a GSMA apresentou durante o MWC sua iniciativa Open Gateway, composta por oito APIs que visam expor funções de rede para oferecer novas funcionalidades aos desenvolvedores, provedores de Nuvem e outras entidades que possuam aplicativos e programas.

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Esses aplicativos são depositados no repositório aberto da CAMARA, que pode ser acessado pelas próprias operadoras para integrá-los à sua rede. O modelo é semelhante a solução de roaming de voz.

Em um post no LinkedIn, a América Móvil anunciou que se juntaria a esta iniciativa, “com o objetivo de promover um maior desenvolvimento de serviços digitais e aplicativos móveis em benefício de seus clientes”. A Telcel no México e a Claro na Argentina, Colômbia e Brasil serão as primeiras a ter APIs abertas.

“Nós vemos como um facilitador para fazer negócios. E embora exija várias partes, dentro de um modelo de negócio mais complexo, acho que será muito mais gratificante”, acrescentou Granryd.

Apesar das incertezas macroeconômicas e da presença de pressões geopolíticas, o gestor descartou que elas representam novos riscos para a indústria. Pelo contrário, apontou que é preciso “encontrar um modelo de negócio que seja sustentável” para as operadoras e que lhes permita cumprir os investimentos previstos de US$ 1,5 biliões até 2030, dos quais 90% serão alocados ao 5G.

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Nos últimos 10 anos, segundo a GSMA, houve um crescimento anual de 30% na demanda por dados, e o tráfego se multiplicou por 10 vezes.

WRC crítica para a indústria

Por outro lado, Granryd referiu-se à Conferência Mundial de Radiocomunicações (WRC) da União Internacional de Telecomunicações (ITU) que se realizará ainda este ano, e será crítica para a indústria em torno da discussão das bandas médias do espectro.

Reconheceu que a faixa dos 6 GHz é “importante” para a indústria, uma vez que permitiria obter capacidade, mas é igualmente relevante que a faixa dos 3,5 GHz seja harmonizada a nível mundial, para além das faixas baixas de UHF (470-960 MHz), que são críticas para a cobertura. 

Caso não obtenha o espectro, a GSMA acredita que não terá capacidade suficiente para atender a novos casos de uso, e aumentará os custos de desenvolvimento à medida que mais capacidade for buscada nas bandas existentes.

Uso e acessibilidade, temas chave para acabar com a exclusão digital

Em relação ao trabalho que a GSMA está fazendo para diminuir a exclusão digital, Granryd observou que este trabalho é uma prioridade chave para a associação. A exclusão digital se divide em acesso para os quase 400 milhões de pessoas que não vivem sob cobertura de rede, e uma lacuna de uso, já que quase metade da população mundial não usa as redes apesar de estar em uma área de cobertura.

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O gerente destacou que uma das questões a serem resolvidas é a acessibilidade dos dispositivos, já que eles enfrentam um alto valor de impostos ou problemas de propriedade intelectual. Além disso, existem problemas devido à falta de habilidades digitais e, principalmente, há também a ausência de conteúdos relevantes no idioma local que sejam relevantes para a população.

Muito cedo para 6G

Em entrevista, Granryd considerou ainda que ainda é cedo para falar em 6G apesar de ter sido um tema relevante na MWC, com algumas provas de conceito por parte de fabricantes e desenvolvedores.

Ele destacou que ainda há muito a ser feito no 5G, o que realmente permite que as indústrias se beneficiem com novos recursos de slicing, latência e massificação de dispositivos IoT.“Falamos sobre conectividade inteligente há vários anos, que é a mistura de 5G, IA, IoT e Big Data. Se você juntar esses componentes, terá algo muito poderoso, com foco mais nos negócios do que nos consumidores. E isso vai demorar, mas todos os blocos estão online e o Open Gateway é mais um bloco”, concluiu.

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