10 previsões de TI e telecomunicações para o Brasil em 2023, segundo a IDC
O setor de tecnologia da informação e da comunicação no Brasil deverá crescer 5% neste ano, segundo previsão da IDC. Apesar de ser um pouco menor do que a previsão de 2022, a taxa continua sendo relevante, já que a perspectiva de crescimento para o produto interno bruto do país é de 0,9%.
O avanço previsto para Tecnologia da Informação (TI) é de 6,2%; para telecomunicações é de 3%; e para TI no mercado B2B é de 8,7%, impulsionado por software e Cloud.
Especialistas da IDC também apresentaram 10 previsões para TI e telecomunicações nesta quinta-feira, 2.
1. Gastos em Nuvem
Luciano Ramos, country manager da IDC Brasil, explicou que a automação baseada em eventos vai permitir a simplificação da operação da Nuvem, principalmente em ambientes multicloud.
Ele também comentou que Cloud está ganhando espaço na pauta ESG. As empresas querem saber o impacto da nuvem sobre suas emissões de carbono, por exemplo. Uma pesquisa da IDC mostrou que, no Brasil, 79% das empresas de grande porte já avaliam se o uso de uma tecnologia vai demandar mais ou menos recursos naturais.
Outra perspectiva para este ano é que os gastos de Nuvem nos modelos IaaS+PaaS (infraestrutura como serviço e plataforma como serviço, na sigla em inglês) passarão de US$ 4,5 bilhões no Brasil, avançando 41% em comparação ao ano passado.
Relacionado: Dados, Nuvem e borda são as tendências para o futuro: HPE
2. Avança virtualização do core das redes de telecomunicações
A IDC prevê que, em 2023, os laços entre provedores de nuvem e empresas de telecomunicações serão fortalecidos e haverá mais acordos entre esses dois segmentos, principalmente para core e funções de rede virtualizadas.
Parte desse estreitamento de relacionamento é porque o core 5G foi projetado para ser cloud-ative, afirmou Leandro Saboia, diretor de telecomunicações da IDC América Latina.
Nos próximos cinco anos, o consumo de nuvem em telecom crescerá, em média, 35,2% em IaaS e 42,2% em PaaS anualmente.
3. Wireless First
Saboia também mencionou que a abordagem wireless first ganhará espaço neste ano. O modelo “busca delegar e descentralizar o acesso e o transporte para um provedor de conectividade”, o que amplia a prestação de serviço de conectividade, envolvendo também WiFi 6, Nb-IoT, 5G, satélite, entre outras tecnologias.
O especialista alertou que as redes sem fio devem ser resilientes para atender o aumento de usuários e de dados trafegados e, para 2023, a IDC estima um crescimento do mercado de WiFi 6 de 17%. “O WiFi 6 representará 65% do mercado brasileiro de W-LAN em 2026”, de acordo com o estudo.
4. Redes privativas móveis
O 5G intensificou o debate sobre redes privativas, segundo Saboia. E sua combinação com Internet das Coisas (IoT) e Multiaccess Edge Computing (MEC) trará muitos benefícios para as organizações. Além disso, as redes privativas móveis trazem novas oportunidades de receitas para o setor de telecomunicações, como Cloud, segurança, armazenamento, entre outros serviços.
A IDC estima que o mercado de redes privativas crescerá acima de 35% ano ano até 2026, impulsionado pelo investimento em IoT no Brasil, que deve chegar a R$ 11,2 bilhões em 2026, sendo que 38% deste valor é de conectividade.
“As oportunidades estarão concentradas em conectar com eficiência endpoints de IoT, dispositivos móveis corporativos, substituir a infraestrutura de rede, além de convergir e combinar meios”, disse o especialista.
Nesse tema, o network slicing vai permitir ofertas diferenciadas dependendo da necessidade de cada aplicação.
5. Aplicações de negócio consumidas a partir da Nuvem se consolidam como caminho principal para modernização
A IDC assegura que as aplicações de negócios no modelo SaaS (software como serviço, na sigla em inglês) têm avançado rapidamente. Em 2023, 29% das empresas farão investimentos estratégicos relacionados a SaaS.
A previsão é que o mercado de software cresça 15,1% neste ano, puxado por soluções de segurança, gestão de dados, Inteligência Artificial (IA) e experiência do consumidor (CX).
No Brasil, metade do que é gasto com software será no modelo SaaS, que crescerá 27,6% neste ano. E os serviços de TI avançarão 6,7% em 2023, impulsionados por gestão de aplicações, consultoria e integração de sistemas.
6. Fusão de inteligência e automação
Uma pesquisa da IDC no Brasil revelou que 20,5% das empresas de grande porte entendem o tema da automação como estratégico para iniciativas de TI em 2023. Elas também afirmam que IA tem potencial de ganhar espaço nos orçamentos, atrás apenas de Cloud e segurança.
“Quando a gente junta a parte de automação com a Inteligência, a gente fala de um mercado chamado de IPA (Automação Inteligente de Processos, na sigla em inglês), que engloba diferentes nuances de automação usando inteligência”, explicou Ramos.
Os números mostram que a IA deve ultrapassar US$ 1 bilhão de gastos em 2023, um crescimento de 33% no ano. Os gastos com IPA vão superar US$ 214 milhões, com aumento próximo de 17% sobre o ano anterior.
7. Segurança de TI como prioridade
Pietro Delai, diretor de Enterprise da IDC para a América Latina, disse que a segurança em TI segue como prioridade para os executivos da área no Brasil, isso porque a exposição continua muito alta. “Isso vale não só para os endpoints, mas também para toda a parte corporativa de tecnologia, que está espalhada entre vários provedores de Nuvem, vários data centers”, comentou.
A IDC prevê que a América Latina vai crescer 12,2% em investimento em cibersegurança. É a segunda maior taxa de crescimento, perdendo apenas para a China. No Brasil, os gastos com soluções de segurança serão de US$ 1,3 bilhão neste ano, um crescimento de 13% em comparação com 2022.
8. O mercado de Devices segue importante e representará 43,7% de todas as receitas de TI no país
Reinaldo Sakis, diretor de Devices para a América Latina, afirmou que o mercado de dispositivos continuará desafiador neste ano. No Brasil, o mercado deve gerar US$ 21,5 bilhões em 2023, o que representa 1,1% acima de 2022, mas mais tímido do que outras tecnologias.
Com isso, a participação total de dispositivos entre os produtos de TI será de 43,7%, um pouco abaixo do ano passado.
Leia também: Retomada gradual da economia faz venda de PCs explodir em 2021, segundo IDC Brasil
9. Distribuição da venda de devices sofrerá mudanças
Sakis menciona que o varejo online cederá mais espaço em 2023 para o varejo físico, que continuará crescendo. Mesmo assim, o segmento online mantém potencial para os próximos anos.
Os números indicam que o varejo online vai gerar US$ 5 bilhões em 2023 – ou seja, uma perda de 1 a 2% em comparação ao ano passado – e o varejo físico vai render US$ 10 bilhões.
O especialista disse que outros canais estão buscando maior participação. A venda de dispositivos usados, por exemplo, vai crescer acima de 10%, e empresas de Devices as a Service (dispositivos como serviço) para usuários domésticos devem amadurecer em 2023.
10. Empresas de Devices podem se beneficiar de práticas ESG
Sakis comentou que a pauta ESG tem sido buscada no ambiente de dispositivos. Por exemplo, uma empresa de software de gestão de impressão que neutraliza o carbono gerado no processo de impressão.
Diante dos desafios econômicos de 2023, “as empresas que têm apelo ou conexão com ESG alinhado ao seu produto têm uma chance maior de sucesso”.
Além disso, a IDC estima que 5% das vendas de Devices para empresas B2B em 2023 serão concretizadas por demonstrarem alinhamento com ESG, isso representa US$ 250 milhões.